Os ataques por vingança entre grupos armados, que, por vezes, se deslocam em viaturas e motociclos, fazendo raides mortíferos nas aldeias da região, especialmente, segundo os media locais, no Estado do Planalto, não são uma novidade nesta vasta região, mas este é um dos mais violentos episódios de uma infindável "guerra" entre comunidades vizinhas.

No início desta sucessão de ataques e vinganças estiveram disputas por terras entre criadores de gado e agricultores, mas, depois as coisas evoluíram para meras acções de punição entre essas mesmas comunidades, sendo hoje difícil para as autoridades controlar esta selvajaria entre comunidades que tinham por habito encontrar sempre soluções pacíficas para os seus diferendos.

Alguns analistas nigerianos, citados pelos media do país, admitem que esta explosão de violência possa ter por detrás motivações exógenas à região, eventualmente políticas, mas o grau de violência e o número de mortos que se vão somando episódio após episódio, levaram o novo Presidente da Nigéria, Bola Tinubo, a anunciar que vai tomar medidas para debelar este problema, embora a tarefa não seja fácil porque entre os 36 Estados, são poucos os que não lidam com episódios de violência.

Os mais atingidos por este tipo de fenómenos, além da tragédia do radicalismo islâmico do nordeste, onde o Boko Haram tem um registo de milhares de mortos e centenas de milhar de desalojados, o problema estende-se ao sul, no Delta do Níger, a região que produz mais de 80% do petróleo nigeriano, ou no centro e noroeste, onde alastram as lutas entre comunidades, como é o caso no Estado do Planalto, ou o já famoso caos provocado pelo "Bandidos", bandos de marginais que correm as localidades em motorizadas, fortemente armados para pilhar tudo o que podem, deixando um rasto de destruição e fogo.

No caso agora em evidência, segundo a AFP, começou no Domingo, quando, em aldeias localizadas na mesma área, especialmente no Distrito de Mangu, confrontos entre agricultores e pastores, fizeram 30 mortos, dando início à já esperada vaga de ajustes de contas e vinganças, que, até esta sexta-feira já vai em 85 mortos confirmados e milhares de refugiados.

A Nigéria tem visto aumentar em volume e intensidade a violência um pouco por todo o país, sendo isso uma permanente ameaça à estabilidade da sub-região da África Ocidental e Central, porque, além de ser o mais populoso país do continente, vive uma das mais graves crises económicas e sociais, com um desemprego que assusta, uma juventude insatisfeita e cada vez mais disponível para o mostrar nas ruas e uma evidente incapacidade do estado central para acudir às centenas de urgências espalhadas de norte a sul.

Apesar de o Governo central ter criado já unidades especiais nas suas Forças Armadas e de Segurança para ocorrer a estas situações, ao que tudo indica isso não tem estado a dar frutos, porque à medida que o tempo passa e se acentuam os efeitos da crise, com o desemprego em cima de uma lista de problemas graves, os focos de violências e os seus protagonistas também vão crescendo.