O primeiro sismo, segundo as agências internacionais, que atingiu a região sul/oeste da Turquia, perto das 04:00, hora local, menos duas em Luanda, gerou uma devastação em dezenas de cidades e vilas, com mais de 3.000 edifícios destruídos, só na Turquia.

As informações provenientes da Síria são mais demoradas porque aquela região do país vive há vários anos uma guerra civil devastadora, embora o Ministério da Saúde já tenha feito saber, através da agência de notícias síria, a SANA, que pelo menos 600 pessoas morreram e mais de 1000 focaram feridas com o primeiro abalo.

Não havia, perto das 14:10, hora de Luanda, cerca de 3 horas depois, informações sobre os danos e as vítimas causadas pelo segundo terramoto, que, devido à intensidade, não foi considerado uma réplica do primeiro.

O segundo sismo teve ainda um epicentro diferente, desta feita na província de Karamanras, igualmente no sudeste turco, enquanto o primeiro foi na província de Gazientap.

Um pouco de todo o mundo começaram a chegar à Turquia equipas de socorro especializadas neste tipo de catástrofe, que atingiu proporções que não eram sentidas há um século nesta região do sul da Turquia e do norte da Síria, chegando aos 7,8 na escala de Richter.

Há informações, que estão a ser veiculadas pelas agências internacionais, citando as autoridades turcas, que apontam para o colapso de bairros inteiros em cidades e nalgumas vilas e aldeias não ficou pedra sobre pedra.

O Presidente da Turquia, Recep Erdogan já veio a público manifestar o seu pesar às populações atingidas e comprometeu toda a capacidade de resposta do país na ajuda às vítimas, deixando um apelo para a coragem que vai ser necessária para que a Turquia ultrapasse este trauma gigantesco.

O frio extremo que se faz sentir nesta altura do ano nesta parte do mundo é uma das dificuldades acrescidas que as equipas de socorro enfrentam.

A Síria, um país que vive uma guerra civil há vários anos, com milhões de deslocados, começou a divulgar mais tarde dados sobre as consequências desta catástrofe natural e existe a possibilidade de ser neste país onde os dados foram mais severos, tanto na destruição física como em vítimas humanas.

Também em ambos os países, além de estradas, pontes, e ferrovias, foram ainda severamente atingidos vários locais de interesse histórico, como o famoso Castelo de Gaziantep, que data do II século d.C., com o primeiro sismo a ter ali o seu epicentro, enquanto na Síria, a Cidadela de Aleppo, um local património da UNESCO, foi igualmente atingido com severidade.

Os hospitais mais próximos das regiões mais fustigadas nos dois países estão a viver momentos dramáticos devido à elevada entrada de feridos e à escassa capacidade de resposta imediata devido à inusitada devastação gerada pelos terramotos.

Em ambos os países as autoridades admitem temer que os números de vítimas subam de forma substancial.

Em 1999, um sismo de magnitude 7,6 provocou mais de 18 mil mortos, sendo agora esperados mais vítimas que aquelas que foram, até agora, divulgadas oficialmente.

As equipas de socorro, incluindo já algumas, sete horas depois, internacionais, continuavam a encontrar vítimas debaixo dos escombros em todas as localidades situadas nas regiões atingidas.

A situação na Síria é ainda mais grave porque o país, além da guerra civil, vive um atrofiamento gerado pelas pesadas sanções ocidentais, impostas ao longo dos anos, depois da denominada "primavera árabe" que começou em 2011 e visava depor pela força o regime do Presidente Bashar al-Assad.

O Presidente da República, João Lourenço, manifestou profunda consternação pelo grande número de mortes causado pelo terramoto.

O Chefe de Estado escreveu aos seu homólogos Recep Tayyip Erdogan e Bashar Hafez Al-Assad, Presidentes da Turquia e da Síria, respectivamente, a quem manifestou profundos sentimentos de pesar e a solidariedade em seu nome e em nome do Executivo angolano.

"Manifesto o meu pesar por este trágico acontecimento e expresso-lhe a minha indefectível solidariedade nesta hora dramática, em que lhe peço que apresente aos familiares das vítimas mortais as nossas mais sentidas condolências, em nome do Executivo angolano e no meu próprio" , pode ler-se na mensagem do Presidente João Lourenço ao seu homólogo sírio.