Joe Biden não poupou na tinta para desenhar a imagem de perigo iminente para a humanidade devido aos efeitos das emissões poluentes produzidas pelas sociedades modernas na atmosfera.

Como exemplo para sublinhar este seu recado à humanidade, o Presidente dos EUA, o país que mais gases poluentes emite no mundo e que tarda a deixar o uso do carvão na massiva produção de electricidade e como combustível em muitas das suas indústrias, defendeu que as repetidas tempestades na Europa, os furacões nos Estados Unidos, as secas cada vez mais prolongadas, os fogos florestais que parece não terem fim por todo o mundo são a prova evidente do risco que o mundo enfrenta e vai enfrentar se nada for feito.

Por isso, Biden dirigiu-se ao mundo, a partir da sede da ONU em Nova Iorque, onde decorre a 76ª edição da Assembleia-Geral da ONU, onde o Presidente angolano, João Lourenço discursará na quinta-feira, pedindo que cada país dê o máximo das suas energias neste combate pela vida no Planeta Terra.

E deu como epicentro da demonstração dessa urgente ambição global a próxima Conferência do Clima marcada para Glasgow, na Escócia.

Num contexto de profunda crise, embora já em fase de diluição, da Covid-19, com a caótica e mal organizada saída de 20 anos de guerra no Afeganistão e, agora, com a crise de grandes proporções com a Europa, devido ao negócio que furou aos franceses na venda de submarinos nucleares à Austrália, e o Pacto de Segurança AUKUS, que acaba de assinar com Camberra e Londres, deixando ainda mais furiosa a China, Joe Biden dirigiu-se aos presentes garantindo que vai trabalhar com todos para criar condições para um mundo com futuro e com futuro próspero para todos.

Guterres preocupado como nunca

Também o Secretário-Geral das Nações Unidas, o português António Guterres, recentemente reeleito, foi ao mesmo púlpito dizer que o mundo não enfrentavam em décadas, uma "cascada de crises" com a dimensão do momento actual.

"Estamos à beira do abismo" reafirmou o SG da ONU, que, ainda por cima, alertou para o facto de se estar "ainda por cima, a andar no sentido errado" do que é preciso para salvar a humanidade da iminente catástrofe.

A desigualdade galopante no mundo, os desafios das alterações climáticas, os efeitos da Covid-19, os conflitos que se estendem do Afeganistão à Etiópia ou ao Iémen, a pandemia da desinformação e da desconfiança... são componentes da tragédia global que Guterres diz ser já tarde para começar mas não impossível de minimizar.

E, por isso, pediu ao mundo que olhe para o futuro que diz ser á incerto mas que exige de todos um esforço gigante para ainda se ir a tempo de evitar o pior, lamentando que, quando o mundo se depara com "desafios épicos, no lugar da humildade se veja o triunfo da vaidade".

Mas disse haver ainda esperança. E acrescentou que a tecnologia pode ser o suporte dessa esperança num futuro risonho para a humanidade.