Este caso ganhou dimensão mediática mundial depois de há cerca de duas semanas o pastor da Igreja Internacional da Boa Nova, Paul Makenzi, ter sido detido logo depois de terem começado a aparecer os primeiros corpos de fieis desta seita na floresta de Shakahola, próxima da cidade costeira de Malindi, no sudeste do país.

E, agora que as autoridades quenianas admitiram que estão a ser recolhidas provas, através da autópsia aos corpos, de provável tráfico de órgãos humanos e de uma eventual rede que se dedica a esse negócio macabro, sendo ainda foco das investigações o eventual papel do pastor Mekenzi nesse esquema, o interesse dos media sobre este caso voltou a ganhar dimensão.

O caso inicialmente já tinha tudo para merecer atenções globais, porque em causa está a morte de pelo menos 112 pessoas, fieis da Igreja Internacional da Boa Nova, podendo ser mais, porque as buscas continuam na região, que se encaminharam voluntariamente, pelo menos assim parece, para a morte por fome e sede, acreditando irem assim de encontro a Jesus.

O pastor Paul Makenzie, que preferiu ficar na terra em vez de ir também para o Paraíso, além da acusação de vários crimes em torno destas mortes, é agora também suspeito de estar integrado ou mesmo liderar uma rede de tráfico de órgãos humanos, cujo modos operandi era levar as pessoas à morte para depois lhes retirar órgãos.

Foi em meados de Abril que o escândalo estourou em Nairobi, quando o Governo do Presidente William Ruto foi informado que numa floresta próxima da pequena cidade costeira do sul do país, junto ao Índico, Malindi, um pastor alucinado estava a convencer os seus seguidores de que se deixassem de comer e beber até à morte, isso os levaria para os braços de Cristo.

Com os corpos a avolumar-se (ver links em baixo nesta página), o pastor entregou-se às autoridades mas ficou em liberdade depois de pagar uma fiança exigida pelo juiz do tribunal de Malindi, gerando uma onda de protestos por organizações civis quenianas.

De um dia para o outro, centenas de elementos de equipas de resgate e socorro, incluindo da polícia queniana, chegaram à floresta de Shakahola, com mais de 300 hectares, para procurarem em todos os seus cantos por sobreviventes das indicações do pastor Makenzie (na foto), porque muitos estavam a esconder-se para continuarem a sua jornada a caminho do paraíso.

Segundo os media locais, as autópsias que começaram a ser realizadas aos cadáveres que iam sendo encontrados, quase todos em valas comuns, revelaram fortes suspeitas de recolha forçada de órgãos.

Outra das linhas de investigação em curso é perceber se os corpos encontrados são todos de seguidores do pastor Makenzie ou há entre as vítimas pessoas com outras proveniências, eventualmente de pessoas raptadas e mortas no âmbito do eventual negócio macabro da recolha e tráfico de órgãos humanos.

As mesmas fontes apontam para que a documentação policial enviada para o tribunal de Malindi contém dados concretos de falta de órgãos em alguns dos corpos já autopsiados.

Essa documentação, segundo The Guardian, é ainda precisa quanto à existência de uma rede de tráfico de órgãos que envolve vários elementos, sendo que um famoso televangelista, Ezekien Odero, foi já detido como suspeito de participação neste negócio macabro, tendo as suas contas bancárias sido todas congeladas por ordem do tribunal.

Existe ainda como suspeita sobre Odero e Makenzie o recebimento de avultadas somas por parte dos fieis desta congregação depois destes terem vendido todos os seus bens antes de se encaminharem para a morte por fome e sede como orientado pelos pastor.