"O projecto de lei de ajuda externa do Senado [câmara alta] não diz nada sobre o problema mais urgente que o nosso país enfrenta", denunciou, na segunda-feira, Mike Johnson em comunicado, referindo-se à crise migratória na fronteira entre Estados Unidos e México.
O pacote de 95 mil milhões de dólares (88 mil milhões de euros), na maioria destinado à Ucrânia, está a ser debatido há meses no Congresso e é objeto de um braço de ferro entre os republicanos e a administração democrata do Presidente Joe Biden.
Em troca da ajuda a Kiev, os republicanos exigem o endurecimento da política de migração.
"Na ausência de quaisquer alterações" neste âmbito, por parte do Senado, "a Câmara dos Representantes vai continuar a trabalhar de acordo com a própria vontade sobre estas questões importantes", avisou Johnson.
O Senado deu no domingo um passo para adoptar o pacote de ajuda para a Ucrânia, Israel e Taiwan, parado há meses no Congresso.
Ao reunir 67 votos para a votação processual, a câmara alta indicou ter os votos necessários para aprovar o pacote numa data posterior ainda não determinada, de acordo a agência notícias France-Presse (AFP).
"A Ucrânia está perigosamente com as reservas em baixo, se a América não enviar ajuda à Ucrânia com este projecto de lei de segurança nacional, [o Presidente russo, Vladimir] Putin, tem todas as hipóteses de ser bem sucedido", avisou o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, antes da votação.
Quase dois anos após o início da invasão russa, os representantes eleitos dos Estados Unidos, o principal apoiante militar da Ucrânia, não conseguem chegar a acordo sobre a aprovação de novos fundos.
O pacote inclui fundos para a luta de Israel contra o movimento de resistência islâmica Hamas e para um aliado estratégico dos Estados Unidos, Taiwan.
A maior parte - 60 mil milhões de dólares que correspondem a 55,6 mil milhões de euros - é para ajudar a Ucrânia a reabastecer os `stocks` de munições, armas e outras necessidades essenciais, numa altura em que o país entra no terceiro ano de guerra.
A ofensiva militar lançada em 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Kremlin e Elon Musk negam uso de satélites Starlink pelos russos
O Kremlin e Elon Musk negaram formalmente as acusações de Kiev de que as forças russas estão a utilizar o serviço de acesso à internet por satélite Starlink, propriedade daquele empresário multimilionário.
"Trata-se de um sistema que não está certificado no nosso país, por isso não pode ser fornecido oficialmente aqui e não é fornecido oficialmente", disse aos jornalistas o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov.
"Consequentemente, não pode ser utilizado de forma alguma", acrescentou.
Elon Musk, empresário natural da África do Sul com nacionalidade norte-americana, proprietário da Starlink, negou no domingo que o sistema tenha sido fornecido a Moscovo.
"É totalmente falso. Tanto quanto sabemos, nenhum terminal Starlink foi vendido direta ou indirectamente à Rússia", declarou na rede social X, de que é proprietário.
Hoje, a Ucrânia reiterou a mesma acusação que divulgou no domingo.
"Através de países terceiros, a Starlink está livremente disponível na Rússia. Em comparação com o ano passado, a utilização do Starlink pelo Exército russo na linha da frente tornou-se mais sistemática e bem regulamentada", declarou Andri Youssov, porta-voz de um dos departamentos dos serviços de informações militares da Ucrânia.
"Foram registados casos de utilização destes dispositivos por ocupantes russos", acusou.
De acordo com a agência noticiosa ucraniana UNIAN, as interceções de rádio estabeleceram que as unidades russas estacionadas perto de Bakhmut, no leste da Ucrânia, "começaram a utilizar massivamente o Starlink na linha da frente".
A Starlink é uma rede constituída por dois mil pequenos satélites de baixa altitude ligados a terminais terrestres que geram acesso sem fios à internet.
Desde o início da invasão russa na Ucrânia, há dois anos, a empresa de Elon Musk, SpaceX, entregou a Kiev vários milhares de terminais.
Esta rede é essencial para as comunicações do Exército ucraniano.
Actualmente as relações entre a Ucrânia e Elon Musk são complexas: Kiev agradeceu a instalação dos satélites mas depois demonstrou indignação quando o empresário sugeriu que o país devia ceder território para alcançar a paz.