Uma investigação do The New York Times, conduzida por seis jornalistas, publicada esta terça-feira, 19, revela que o projéctil saiu de uma área militarmente sob controlo ucraniano e não de zonas ocupadas pela Rússia, o que contradiz a versão, nunca actualizada ou rectificada por Kiev, avançada pelo Presidente ucraniano.

Sendo um dos mais mortíferos ataques de míssil a uma área civil nos 18 meses de guerra, sem presença de qualquer infra-estrutura ou equipamento militar que o justificasse, levou a que, especialmente no ocidente, e apesar da negação russa da autoria deste disparo de míssil, fosse aproveitado este caso para que Kiev voltasse a acuar a Rússia de crimes de guerra, com respaldo total a essa acusação nos media norte-americanos e europeus.

O jornal norte-americano, conhecido por ser uma plataforma de proximidade às posições norte-americanas, especialmente da Casa Branca, recorda que duas horas após a explosão no mercado da cidade de Kostiantynivka, o Presidente Zelensky acusou os "terroristas russos" de terem feito este ataque, com imediata reprodução nos media mais importantes do ocidente, apontando-o como mais um dos muitos atribuídos aos russos ao longo deste conflito, realizados com a intenção, segundo Kiev, de gerar terror na população civil.

Em todos esses casos mais relevantes, o Kremlin sempre recusou a acusação e reafirmou que as suas forças atacam unicamente alvos militares, acusando mesmo Kiev de estar por detrás d de muitos deles enquanto operações de "falsa bandeira" para colocar Moscovo em maus lençóis perante as opiniões públicas internacionais.

Depois de recolha de evidências por parte dos seus jornalistas envolvidos nesta investigação, incluindo imagens de satélite, destroços do míssil no local, vídeos publicados nas redes sociais, The New York Times divulga hoje que são fortes as provas de que este "ataque catastrófico" resultou de um disparo de míssil BUK falhado pelos ucranianos.

Apesar de os media russos, na altura da ocorrência, terem insistido de que se tratava de uma orquestrada manobra de "falsa bandeira"ucraniana para acusar a Rússia de mais um ataque criminoso sobre civis, exponenciando esse efeito com a presença na capital ucraniana do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, o jornal com sede em Nova Iorque diz que se tratou antes de uma falha técnica de um míssil ucraniano.

Os jornalistas do NYT avançam ainda que as autoridades ucranianas tentarem fazer tudo para impedir o acesso dos seus jornalistas ao local da explosão mas estes conseguiram aceder aos destroços do míssil, ouvir testemunhas directas do impacto e observar os efeitos da explosão nas redondezas.

Na altura, como foi possível verificar nos vídeos disponibilizados nas redes sociais dos media russos, as pessoas que caminhavam na rua do mercado atacado, face ao aproximar do projéctil, olharam instintivamente para a direcção de onde provinha e essa era diametralmente contrária às zonas ocupadas pelos russos, sendo antes uma região sob domínio ucraniano na província de Donetsk, no Donbass.