Abdallah Hamdok estava a chefiar o Governo de transição, composto por civis e militares, gerado pela queda do histórico ditador Omar al-Bashir, em 2019, mas um golpe liderado por militares descontentes acabou com o seu Executivo em finais de Outubro.
Agora, embora ainda não se saiba quais as razões efectivas por detrás deste volte-face, os militares, sob um manto de críticas internacionais e protestos nas ruas, assinaram um acordo com Hamdok que permite que este regresse ao cargo com o objectivo de o liderar até à realização de eleições, embora as organizações da sociedade civil pró-democracia estejam a alertar par aquilo a que chamam já um "truque" para trair as promessas de democratização do Sudão.
Nem sequer se sabe, como relatam as agências, quem mais, para além de Hamdok e dos militares, assinaram este acordo, que foi anunciado através de uma cerimónia transmitida, sob apertado controlo editorial pela tropa, pela estação de televisão estatal sudanesa.
No entanto, espera-se que este acordo permita a libertação dos membros do gabinete de Abdallah Hamdok detidos a 25 de Outubro, durante a intentona militar que o manteve afastado do poder durante cerca de um mês.
O Sudão é um dos países que integra a lista de estados não democráticos em África, como pode ler aqui.
Entretanto, as agências internacionais de notícias estão a avançar que os militares estão a enviar, há já vários dias, grupos fortemente armados aos hospitais para impedir que os manifestantes feridos recebam tratamento.
Esta atitude dos militares, que visa levar as pessoas a afastarem-se das ruas, já está a acontecer, segundo ONG"s locais de defesa dos direitos humanos, desde o golpe militar que a 25 de Outubro afastou Handok do poder.