Segundo relatos dos media internacionais, entre os mortos estão dois militares venezuelanos, o que demonstra que cresce o risco de uma guerra civil se se confirmar que há armas a serem distribuídas entre os manifestantes mais férreos ao regime de Maduro.

Isto, quando o mais conhecido "gang" venezuelano, "El Tren de Aragua", que conta, segundo as diversas fontes, com entre 5 mil e 10 mil membros armados, veio publicamente ameçar Nicolás Maduro de declarar guerra ao seu regime se este não aceitar abdicar do poder.

É ainda evidente o receio de um agravamento da situação entre a população que está desde segunda-feira a tentar comprar tudo o que pode nos supermercados, onde se aglomeram milhares de pessoas em longas filas... de forma a ter mantimentos para um longo tempo de convulsões sociais e até uma guerra civil.

Por detrás deste refulgente levantamento popular estão as acusações de fraude eleitoral feitas pela conhecida opositora e com ligações conhecidas aos corredores do poder em Washington, Maria Corina Machado (na foto), que foi impedida pelos tribunais de concorrer e escolheu Edmundo Gonzales, de 76 anos, para a representar.

Corina Machado diz que o seu candidato ganhou com 70% dos votos e exige que as autoridades eleitorais venezuelanas mostrem as actas eleitorais que provam os 51,2% de votos que a Comissão Eleitoral diz que Maduro obteve nas eleições de Domingo.

Para já, até à manhã desta quarta-feira, 31, três dias após a ida às urnas, Maduro ainda não mostrou essas actas, como dezenas de países estão a exigir, especialmente ocidentais aliados dos EUA, mas também agora por países amigos da Venezuela como o Brasil e a Bolívia.

A maioria dos analistas não tem dúvidas que este protesto é diferente do que sucedeu, por exemplo, em 2019, após as eleições legislativas, onde o Partido Socialista Bolivariano, de Nicolás Maduro, perdeu e a seguir esvaziou o Parlamento de qualquer relevância política.

Com o crescendo de protestos, adivinha-se um agravamento dos confrontos nas ruas e se "El Tren de Aragua" sair mesmo em armas contra as forças de segurança venezuelanas, o país pode rapidamente resvalar para uma guerra civil.

Entretanto, a demonstrar que se trata de uma nova fase dos protestos anti-regime, os media ocidentais, como The Guardian, britânico, avançou esta quarta-feira que estão a ser atacadas várias estátuas de Hugo Chavez, o líder que iniciou o actual regime, em 1999, liderando o país até 2013, quando morreu devido a um tumor.

Sucedeu-lhe Nicolás Maduro e tudo mudou, entretanto, especialmente com a queda abrupta do valor do petróleo pouco depois, em 2014, o que está na génese de uma grave crise económica, espalhando a pobreza pela generalidade da população, exceptuando as elites mais próximas do regime.

Porém, Maduro não está sozinho neste confronto com o seu próprio povo, contando com o apoio da China e da Rússia, além de Cuba, Honduras, entre outros países latino-americanos, mas claramente uma minoria.

Perante as evidências de que é a pobreza em clara expansão que levou a população a virar-se contra Maduro, a China e a Rússia já anunciaram o aprofundamento das suas parcerias estratégicas, com Pequim a garantir o apoio reforçado ao desenvolvimento do país.

E Nicolás Maduro, que já leva uma década de aprendizagem em como lidar com protestos populares, tem feito discursos públicos diariamente, tendo, no último, na noite de terça-feira, anunciado que as Forças Armadas vão estar na rua a patrulhar em conjunto com a polícia de forma a garantir um bloqueio cotra os que estão a investir na instabilidade "financiados pelo exterior" numa acusação directa aos EUA e seus aliados ocidentais.

Entretanto, aquilo que acabaria subitamente com os protestos, que seria publicar as actas eleitorais, como a oposição está a pedir, Maduro não o fez ainda...