Depois de o secretário de Estado, Antony Blinken, da secretária do Tesouro, Janet Yellen, terem estado em África em visitas que abrangeram vários países, com o chefe da diplomacia de Washington a fazê-lo mais que uma vez, é agora a vez da vice-Presidente, a afro-índio-americana Kamala Harris dar início a um mini-tour africano que a vai levar, depois do Gana, à Tanzânia, onde permanecerá até 31, sendo a sua paragem final deste périplo a capital da Zâmbia , Lusaca.

Estes três países de língua oficial inglesa estão na agenda dos norte-americanos, segundo a justificação oficial para esta visita, o apoio dos EUA em áreas como as novas tecnologias e a economia, precisamente onde a China se tem melhor mexido na forma como ao longo das duas últimas décadas se posicionou como o mais estratégico parceiro da maioria dos países africanos.

Esta visita pode ainda ser encarada como a antecâmara da chegada ao continente do próprio Joe Biden (ver links em baixo nesta página), que, embora ainda não se sabendo quando, tem prometida uma visita a África, embora seja difícil para já saber se os mapas percorridos por Blinken, Yellem e Harris servem para desenhar a visita do Presidente norte-americano ou para confortar estes países porque vão ficar de fora do seu périplo.

O que se sabe certo e seguro é que os EUA estão numa batalha desenfreada para recuperar o tempo perdido em que China e Rússia ocuparam um vasto "território" de influência político-económico-diplomática, sendo este esforço substancialmente mais visível depois do início da guerra da Urânia, onde foi em África que as votações a resoluções de origem norte-americana a condenar os russos tiveram menos adesão.

E o continente, além da sua estratégica importância no que respeita aos recursos naturais, especialmente aqueles que são fulcrais na nova economia, com relevo especial para as novas tecnologias, como as "terras raras", coltão, cobalto... é ainda importante no xadrez geoestratégico onde Pequim e Moscovo, com apoio ou simpatia de dezenas de países do "Sul Global" estão a redesenhar a ordem mundial, para colocar na agenda uma nova ordem baseada na cooperação entre iguais e multipolar em confronto com a actual, baseada em regras desenhadas pelos EUA e seus aliados ocidentais, no pós-II Guerra Mundial.