Uns bandos de pessoas sem inteligência emocional delapidam o País todos os dias. Têm as chaves dos cofres. As passwords da tramóia. Os carimbos originais. As assinaturas autorizadas. São a instituição. Dos tostões aos trilhões. Os factos são públicos. Os sinais exteriores de riqueza também não deixam dúvidas para quem não tem a mão de Midas. A maioria miúdos atrevidos e esfomeados pela banga do fatinho slim com o tornozelo à mostra. São arrogantes. Sentem-se impunes. O poder que os chefinhos têm é real. A cadeia de comando está oleada, é funcional.

Batem às portas. Negoceiam o Estado. Como li numa das redes sociais "um dia ainda vamos descobrir que o RUPE era conta da desbunda". A credibilidade institucional está moribunda. São tantos casos. Ao mesmo tempo. Ainda não nos tínhamos refeito do contrabando dos combustíveis, nem da maka da recuperação dos activos e vemos os impostos a ser devorados na maior das calmas.

Durante anos, fomos vendo diversos programas de luta contra a corrupção e a impunidade que no papel pareciam gigantescos, robustos, mas na prática eram pó de pedra atirado aos olhos dos eleitores. Nulos. Ineficazes. Selectivos. Uma administração que não respeita a coisa pública não pode exigir nada. As empresas e as pessoas singulares a fazerem das tripas coração, afogadas num aperto sinistro para respeitarem as suas obrigações, vêem o seu dinheiro, que devia ser tratado com respeito e canalizado para cumprir as obrigações que nos devolvem direitos, a entrar nos bolsos de bandidos autorizados.

Um Governo que vive de mão estendida aos empréstimos, financiamentos e doações internacionais para melhorar morgues, para reparar estradas, para a luta contra a tuberculose, malária e HIV, para a água para todos, não pode ter os seus agentes públicos a roubar o dinheiro do povo que apesar de pagar impostos quase não usufrui de nenhum Direito de forma gratuita, pois tudo tem um preço em Angola. Com um surto de cólera à porta, devido à precariedade/inexistência de saneamento básico a nível nacional, as vacinas oferecidas pela OMS não chegam para todos, de acordo com a imprensa.

Cada tostão que o Estado recebe do contribuinte não pode ser abandalhado por nenhuma razão. A teia deve ser combatida até à exaustão. Não basta punir os periféricos. É imperativo que se encontrem os chefes de todas as quadrilhas. O País precisa de 60 toneladas de ética e não de esquizofrenia.

A corrupção mata. Viola a integridade do Estado. Multiplica os pobres. A corrupção deve, sim, ser considerada um crime contra a humanidade. O descaminho do nosso País não faz nenhum sentido quando é visível que o bem comum nunca foi um propósito, um fim a realizar para garantir a segurança colectiva, e sem isso nunca seremos nem independentes, nem livres, nem prósperos, nem cidadãos.