Com base no argumento da campanha eleitoral que apresentou, "Tornar a América novamente grande", não se coibiu de retirar os EUA do Acordo de Paris sobre o Ambiente, indiferente às consequências das alterações climáticas, fazendo o mesmo em relação à Organização Mundial da Saúde (OMS).
De caminho suspendeu todo o apoio dos EUA à "Agência para o Desenvolvimento" com um orçamento de 420 mil milhões de dólares e que só para África representa 30%.
Para além destas medidas, impulsionou a deportação de imigrantes, perseguiu sem critério os indocumentados e afrontou a justiça.
Por fim, sem cuidar da diferença entre aliados e adversários, fez distribuir uma tabela de tarifas a aplicar sobre produtos estrangeiros importados pelos EUA.
O certo é que após essa divulgação só conseguiu obter acordos tarifários com a China, o Reino Unido e o Vietname.
No mundo muito complexo e incerto em que vivemos e sobretudo perigoso, ainda é cedo para avaliarmos as consequências das medidas assumidas por Trump nos planos económico e financeiro, embora saibamos que elas, no seu todo, não têm respaldo científico, nem se apoiam nas regras da diplomacia.
Recentemente, por mera retaliação, Trump decidiu aplicar ao Brasil uma tarifa extraordinária de 50% de produtos importados, apesar das relações comerciais entre os dois países serem favoráveis aos EUA, impondo uma outra percentagem de 30% sobre todos os produtos importados da EU e do México com entrada em vigor em 1/8/2025.
No meio desta azáfama, Trump compareceu pessoalmente a 25/6 nos Países Baixos para participar da cimeira da Nato, conseguindo sair dela com uma votação unânime dos 32 países que a integram, que se comprometeram até 2035 a aumentarem até 5% dos respectivos PIB a contribuição para a Defesa.
Isto depois de ter autorizado o bombardeamento de instalações fabris subterrâneas no Irão para alegada construção de uma bomba atómica.
O silêncio que se seguiu a esse ataque e a exploração que Trump dele fez jogou também a seu favor, muito pela natureza teocrática do regime de Teerão e do apoio que concedeu e concede a organizações terroristas.
Relativamente à postura de Trump a África, há que registar que no seu primeiro mandato apenas recebeu na Casa Branca em 30/9/2018 0 Presidente da Nigéria Muhammadu Buhan e no actual mandato recebera apenas o Presidente da África do Sul Cyril Ramaphosa em 21/5/2025, facto neste caso seguido de medidas sancionatórias contra a África do Sul.
É por isso natural que procuremos apurar as causas da presença recentíssima na Casa Branca de cinco Presidentes africanos, no caso do Gabão, Guiné Bissau, Libéria, Mauritânia e Senegal.
Sendo facto que hoje a China e a Rússia têm uma influência crescente em África, não é menos certo que os países recebidos dia 9/7 na Casa Branca não têm sequer influência regional forte.
A circunstância de J.Peter Pham, enviado especial de Trump para África, e o seu conselheiro sénior, Massad Boulos, estarem muito activos no continente africano e o segundo também com nacionalidade libanesa ser compadre de Trump não explicam tudo.
A explicação parece estar mais na riqueza mineral destes cinco países africanos como eventual moeda de troca para retoma parcial da ajuda dos EUA no combate à malária e ao SIDA, retomando o apoio da agência ao desenvolvimento.
A ver vamos...