Assim, a capital angolana passará - segundo esta previsão - a nove milhões de habitantes, com um PIB urbano da ordem do 130 mil milhões de dólares (mais que o PIB nacional atual) e um per capita da ordem dos 14 mil dólares anuais (a preços de hoje). Outra cidade angolana referenciada é o Huambo, com previsão de quintuplicar a população até 2030. A maior cidade africana será Lagos com possíveis 25 milhões de habitantes.

A mais rica continuará a ser Joanesburgo (6º lugar continental em população) com um PIB estimado em 196 mil milhões de dólares. A que terá mais alto PIB per capita será Libreville, capital gabonesa, com hipótese de 29 mil dólares, portanto nove mil mais que Joanesburgo e o dobro de Luanda, caso a previsão se confirme.

No grupo das quinze mais fortes demografias está apenas um país com duas cidades - o Egito, com Cairo e Alexandria. Mas na coluna dos maiores PIBs a África do Sul apresenta 6 cidades, ou seja mais dum terço do total: Joanesburgo, Pretoria, Cabo, Bloomfontein, Durban e Port Elizabeth.

Um país contraria de novo a dimensão e afirma bom desempenho. É a ilha Mauricio, cuja capital, Port Louis, situa-se em 5° lugar africano de per capitas urbanos, em níveis muito próximos de Joanesburgo. Embora os per capita não sejam suficientes para definir a distribuição dos rendimentos, constituem um elemento dessa definição.

Neste quadro merecem referencia os bons per capitas de Gaborone (em 2° lugar), Malabo (3°) e Windhoek (8°), chamando a atenção, do nosso ponto de vista, para o imperativo de melhorar este dado em Luanda.

Estas previsões não são infalíveis e várias vezes nem muito rigorosas. Dependem de quem são os autores e da metodologia usada. A Oxford Economics tem bom currículo e funcionou neste estudo com base nas tendências manifestadas até aqui e algumas perspectivas discerníveis, com certa margem de risco. São, portanto, cenários sobre os quais trabalhar. Um primeiro trabalho, referido no estudo, aponta para crescimento no consumo de base da ordem dos 200%.

Há, no entanto, outros aspectos cruciais que me aparecem nas andanças continentais, fora do âmbito do estudo. Vale a pena mencionar algumas. Desde logo, se a tendência se mantiver, o nível de desemprego pode tornar a maior parte das 96 cidades estudadas num inferno ainda maior, caso não se modifique o perfil económico, com muito maior presença da manufatura.

Por outro lado, o transito em Lagos, Kinshasa, Cairo e Luanda estará ainda mais caótico e, tal perspectiva, convida desde já as autoridades dos países respectivos a projetar novas vias, autenticas auto-estradas urbanas e muitas demolições de construções ilegais, moeda corrente em qualquer uma dessas cidades.

Porém, a ação principal não pode deixar de ser a construção de novas áreas residenciais e a descentralização dos centros, sejam administrativos ou de negócios. Este esforço central, com os volumes de população previstos, leva-nos de novo à manufatura, neste caso, o alargamento produtivo de modernos materiais de construção. De contrario será uma hemorragia de divisas insuportável com as importações e o encolhimento da poupança nacional.

Terceiro grande desafio é a segurança. Os centros de mega população são, obviamente, mais vulneráveis à delinquência e permitem mesmo um elevado nível tecnológico dela. Parte dos efetivos das próprias policias acabam por participar no crime organizado, se não forem objeto de grande preparação profissional, enquadramento competente, salários elevados e controlo permanente pelas instancias legais e sociais.

A tendência nos últimos anos, em quase todas as cidades mencionadas, é para o acentuar da insegurança. Nestes termos, o estudo da Oxford Economics tem o valor de quantificar agregados de base, indispensáveis à tomada de medidas antecipadas face aos desafios em vista. Quanto a Angola, olhando para alem de Luanda e Huambo, focadas nesta previsão, há outros contextos que exigirem estudos de prospectiva.

Por exemplo: a partir de quando Lobito e Benguela vão chegar a fusão de espaços, sobretudo se o CFB for plenamente ativado e estimular multiplicação de atividades. Outro calculo indispensável no curto prazo refere-se à inserção da água e eletricidade nas projeções de consumo, partindo do princípio consagrado que, nestes dois ramos, a estabilidade passa pela oferta sempre um pouco acima da procura.