Mário de Oliveira reagiu assim a uma notícia do NJ que diz que "A propagação de informações falsas que comprometam a segurança nacional pode dar até dez anos de cadeia", acrescentando que o seu ministério elaborou uma proposta de Lei sobre a Disseminação de Informações Falsas na Internet, que já foi apreciada em Conselho de Ministros e que vai seguir para a Assembleia Nacional. É aqui que começa o problema, porque, com base na informação que disseminou pelas redes sociais, orientou algumas das suas milícias digitais, o ministro da Comunicação Social alega que a proposta de lei nunca foi apreciada pelo Conselho de Ministros e decide nos lançar um ataque vil, reles e ignóbil. Ainda que a informação do NJ estivesse errada, que não é o caso, jamais um ministro pode dirigir-se ao semanário e ao seu director naqueles termos. Um ministro é um servidor público, um auxiliar do Titular do Poder Executivo, não pode descer tão baixo, não pode adoptar uma linguagem tão rude e sem nível como se estivesse a falar de um vendedor de rua, de um lavador de carros, que até mesmo estes merecem todo o respeito. Um ministro precisa de ter nível, educação e elevação. Nem no tempo do Presidente José Eduardo dos Santos viu-se um ministro descer tão baixo e dirigir-se desta forma a um director de um órgão de comunicação social. "Desmintam este MENTIROSO", é de uma falta de carácter, de ética, deontologia e de falta de preparação para o cargo. Acham que em Portugal, França, Japão, África do Sul, EUA, Inglaterra, Brasil e outros países, um ministro que se dirigisse desta forma para um director e para um órgão de comunicação, teria condições de se manter no cargo? Quem aceitaria tamanha intolerância e principalmente quando este ministro falhou e se "espalhou" por inteiro. No documento intitulado NOTA DESTINADA À DIVULGAÇÃO NA COMUNICAÇÃO SOCIAL, que o órgão tutelado por Mário Oliveira disponibilizou na sua página oficial, diz que para efeitos de divulgação na Comunicação Social, propõe-se a seguinte nota com tal redacção: "O Conselho de Ministro apreciou a Proposta de Lei sobre a Disseminação de Informações Falsas na Internet e recomendou a sua remessa para a Assembleia Nacional". Está no documento feito pelo MINTTICS. Então quem está a desinformar? Foi esta mesma informação que órgãos como a agência Lusa, o Observador, Sapo e outros divulgaram, destacando sempre que: "De acordo com o diploma legal, já apreciado em Conselho de Ministros...". Então quem anda aqui a "desinformar escandalosamente?" É o ministro Mário de Oliveira. Um ministro que quer ser promotor de uma lei de combate às Fake News é ele próprio um propagador da desinformação, um incentivador do discurso de ódio. O problema está na qualidade, lisura e idoneidade do proponente. Um agressor tem moral para propor uma lei contra a violência? Isto que acabo de relatar é um exemplo de intolerância deste ministro, de como lida com tudo e com todos que não controla, de como orienta órgãos públicos e seus jornalistas a fazerem desmentidos de matérias que não noticiaram, isto não é desinformação? Quando alimenta, sustenta e promove certos gabinetes de ódio para atacar jornalistas desalinhados, isto não é incentivar a desinformação? Que credibilidade e utilidade pode ter uma lei de combate às Fake News proposta pelo seu principal instigador?
Quando o ministro Mário de Oliveira diz e espalha: "Infelizmente este tipo de jornalismo mancha a honrosa profissão de jornalista", só pode ser um discurso de um ministro que nunca foi jornalista e nada percebe de jornalismo, que nunca andou nas redacções, sendo a sua única referência a permanência na Sala Piô da Rádio Nacional. Este jornalismo que procura atacar, adjectivar e desvalorizar é feito neste órgão desde 25 de Janeiro de 2008, teve como percursores jornalistas como Victor Silva, Gustavo Costa, Carlos Ferreira Cassé, entre outros, para que isso se coloque algum tento na língua e travão nos dedos quando voltar a tentar dizer o nosso jornalismo mancha a profissão. Devolvo-lhe na mesma moeda, digo-lhe que ter um ministro assim é que não dignifica, nem honra a classe. Há um lugar que a história lhe reserva: o de pior ministro da Comunicação Social de Angola. O ministro que ofendeu directores e atacou os órgãos. Jornalismo é missão, é coisa séria e responsável. O NJ não vai apoiar uma lei que é proposta por quem não tem moral para o fazer, porque quem não respeita os jornalistas não é digno de ocupar um cargo público. Respeito é bom, os jornalistas gostam e merecem.