Cada prémio inclui uma medalha, um diploma e uma quantia em dinheiro. O Prémio Nobel da Paz é particularmente famoso e frequentemente associado a esforços de resolução de conflitos e promoção dos direitos humanos. Os outros prémios, como os de Ciências e Literatura, são prémios com base em descobertas, inovações ou obras notáveis. A cerimónia de entrega dos prémios ocorre, anualmente, em Dezembro, em Estocolmo.
Neste mês, Outubro, a Academia de Ciências da Suécia deu-nos a conhecer quem serão (em Dezembro) os laureados deste ano: John Hopfield (americano) e Geoffrey Hinton (britânico), Física 2024; Victor Ambros e Gary Ruvkun (ambos americanos) Medicina 2024; Daron Acemoglu (turco), Simon Johnson e James A. Robinson (ambos britânicos), Economia 2024; David Baker (americano), Demis Hassabis e John M. Jumper (ambos britânicos), Química 2024; Organização Nihon Hidankyo (japonesa), Paz 2024; Han Kang (sul-coreana), Literatura 2024.
A última listada, Han Kang, fez cair por terra as cogitações que recaíam sobre o japonês, Haruki Murakami. Nos últimos 10 anos, o nome de Murakami tem sido alvo de cogitações em torno do cobiçado prémio da Academia Sueca, pelo seu talento e genialidade literária, virtudes que fazem eco na comunicação social do mundo inteiro. A revista Shifter destaca-o como "o génio e eterno candidato ao Nobel da Literatura".
Haruki Murakami é um dos escritores contemporâneos mais conceituados do Japão, cujos bestsellers são traduzidos em mais de 40 línguas em todo o mundo. Só na primeira semana de lançamento, a sua obra A Peregrinação do Rapaz Sem Cor vendeu 1 milhão de cópias, no seu país. À sua escrita não pode ser atribuído um estilo narrativo específico devido à facilidade com que flutua entre ficção, ensaio e reportagem. Entretanto, aos olhos da crítica, Murakami é visto como um exímio romancista do realismo mágico. Mas não foi desta vez que levara o Nobel da Literatura para o Japão. O prémio fica na vizinha Coreia do Sul, com a humilde e talentosa Han Kang.
De acordo com a Academia de Ciências da Suécia, o prémio foi concedido à Han Kang "pela sua intensa prosa poética que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana". Tem traduzido para português os seus livros Lições de Grego (Dom Quixote), 2023; A Vegetariana (BIS), 2019; Atos Humanos (Dom Quixote), 2017, entre outros.
Porém, o país do Sol Nascente, não recebendo na categoria de literatura, recebe-o noutra categoria: o Prémio Nobel da Paz, através da Organização Nihon Hidankyo. A atribuição do prémio à organização japonesa surpreendeu a todos, numa altura que se especulava a possibilidade de o prémio ser atribuído ao Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, pelos seus esforços na manutenção da paz em diversas zonas de conflito, com destaque para a Europa do Leste e o Médio Oriente. "Num ano marcado por duas guerras, na Ucrânia e no Médio Oriente, o Prémio Nobel da Paz é atribuído à organização japonesa Nihon Hidankyo pelos esforço de abolição de armas nucleares e apoio aos sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki", sublinha, a propósito, o Semanário Expresso.
Os Prémios Nobel 2024 ficarão divididos pelos continentes americano, europeu e asiático. O continente africano não teve este reconhecimento internacional, pelo menos este ano, e tem algumas razões que explicam a ausência africana, motivada por factores complexos e interligados.
Alguns destes factores são os seguintes: 1. Infra-estrutura de Pesquisa: Muitos países africanos enfrentam desafios significativos em termos de infra-estrutura de pesquisa e desenvolvimento. A falta de financiamento adequado, laboratórios bem equipados e acesso a recursos tecnológicos pode limitar a capacidade dos cientistas africanos de realizar pesquisas de ponta; 2. Educação e Formação: A qualidade da educação em muitos países africanos ainda está em desenvolvimento. A falta de instituições de ensino superior de alta qualidade e programas de formação avançada pode impactar a capacidade dos pesquisadores de competir a nível global; 3. Reconhecimento Internacional: Muitas vezes, as contribuições de cientistas e intelectuais africanos não recebem o mesmo nível de reconhecimento internacional que as dos seus colegas dos países mais desenvolvidos, devido à falta de visibilidade nos principais círculos académicos e científicos.
Apesar desses desafios, é importante reconhecer que vários africanos já foram laureados com o Prémio Nobel em diversas categorias, incluindo Paz, Literatura e Medicina. Exemplos notáveis incluem: Sydney Brenner (África do Sul), Medicina 2002; Kofi Annan (Gana), Paz 2001; Ahmed Zewail (Egipto), Química 1999; Nelson Mandela (África do Sul), Paz 1993; Naguib Mahfouz (Egipto), Literatura 1988. Só para citar alguns, pelo menos os mais representativos.
O Prémio Nobel, desde sua instituição, em 1900, já foi concedido a 876 personalidades das 6 categorias dos prémios: Física, Medicina, Literatura, Química, Economia e Paz. n
*Mestre em Linguística pela Universidade Agostinho Neto