O exército espanhol foi accionado, juntamente com os serviços de emergência locais para atender as populações afectadas. O tráfego ferroviário de alta velocidade entre Madrid e Valência ficou cortado e indisponível durante alguns dias. O mesmo aconteceu com a circulação rodoviária entre Valência e Barcelona.
Pedro Sanchéz, presidente do governo espanhol, definiu as inundações em Espanha como "o maior desastre natural da história do nosso país", no sábado 2 de Novembro. O líder do governo espanhol recordou que aquelas inundações foram as que "mais vítimas fizeram na Europa", elevando para 211 o número de vítimas mortais até ao momento que se redigia esta crónica. Há ainda um número indeterminado de desaparecidos.
O drama lembrou os episódios semelhantes no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, despoletado em Abril e Maio deste ano. Uma situação que, de acordo com informações mais actuais, continua a afectar o Rio Grande do Sul, deixando em estado de alerta as autoridades meteorológicas brasileiras. O mês de Novembro, que inicia, já registou situações alarmantes, que deixou quase trinta mil pessoas em situação de alto risco.
Quase trinta mil pessoas (29.542) que vivem em 48 cidades no sul do Brasil estão a ser afectadas pelas fortes tempestades. Ruas de cidades no Rio Grande do Sul ficaram alagadas após chover em 2 horas o esperado para todo o mês de Novembro. Imagens feitas no dia 2 de Novembro, a circular nas redes sociais, ilustram o drama. A precipitação, segundo as autoridades, chegou a 80 milímetros em cerca de duas horas, enquanto a média esperada para o mês de Novembro era de 95 milímetros.
O Rio Grande do Sul foi gravemente afectado por fortes tempestades em Abril e Maio, que provocaram pelo menos 182 mortes, deixaram milhares de pessoas desalojadas, afectando quase todas as cidades do Estado.
Desde o final de Abril, o Brasil assiste atónito às imagens das águas que dominam cidades e levam vidas no Rio Grande do Sul. Expressões como catástrofe socioambiental, emergência climática, adaptabilidade e resiliência dominam os noticiários e passam a integrar o vocabulário de autoridades e da população brasileira, na busca por explicações e soluções aos eventos climáticos extremos.
Em decorrência das chuvas que se abateram sobre a cidade de Luanda, o Novo Jornal noticiou, no ano passado, que "mais de duas famílias ficaram sem casa e 92 estradas obstruídas, vários bairros e residências debaixo de água, em consequências de chuvas de 12 horas que caiu sobre Luanda", citando os Serviços de Protecção Civil e Bombeiros. Um tema que retomamos nesta coluna, na crónica de 23 de Fevereiro de 2024.
No ano passado, além de várias mortes, duas mil casas ficaram inundadas e mais de 1.500 famílias ao relento, segundo dados apresentados pela Comissão Provincial de Protecção Civil e Bombeiros, à Comunicação Social (Abril 2023). Inclusive afogamento de crianças menores de idade e mobilidade rodoviária complicada, com impactos muito negativos nas zonas do Rangel, Cazenga, Zango, Benfica e Golf II, como consequência das chuvas torrenciais que se abateram sobre a cidade de Luanda.
Causas das chuvas intensas e inundações
Com o aumento das mudanças climáticas, as comunidades em todo o mundo enfrentam desafios crescentes relacionados a fortes chuvas e inundações. Compreender as razões por trás desses eventos e adoptar medidas conscientes torna-se fundamental para diminuir impactos, muitas vezes, devastadores.
O aquecimento global intensifica as chuvas e inundações, aumentando a evaporação dos oceanos e proporcionando mais umidade à atmosfera. Esse aumento contribui para eventos climáticos extremos, como tempestades, aumentando o risco de inundações.
Vale ressaltar, que, segundo a Organização Meteorológica Mundial, existe uma probabilidade de 66% de que a média anual de aquecimento ultrapasse o limite de 1,5°C entre 2023 e 2027. A previsão indica que um dos cinco anos, neste intervalo, poderá ser o mais quente desde o início dos registos.n
*Mestre em Linguística pela Universidade Agostinho Neto