Com que ferramentas estes futuros dirigentes irão contribuir para a dignidade das instituições? Com que óculos vão interpretar a Lei? Os exemplos que encurtam caminhos são muito bem aceites por pessoas medíocres que sabem que, de outra forma, não atingiriam nenhum poder. Estes exemplos contaminam o resto da multidão ansiosa pela chegada da sua vez. Poucos se levantaram em protesto. Ouviu-se o protesto do perdedor. Abafado em segundos e ainda obrigado a engolir o sapo vivo. São estes o "forte alicerce do MPLA" reconhecido pela direcção do partido.

Que tipo de militante, com este grau de submissão e de valorização das coisas que não fazem sentido, pode ser "porta-voz das causas juventude" e "peça fundamental para a sensibilização dos jovens", como foram exaltados pela cúpula do partido? Que exemplo de causas estão estes miúdos a dar? Que causas éticas, plurais, assentes na defesa do primado da lei defendem? Uma CAUSA é entendida pelos mortais com os mínimos olímpicos de compreensão, como acção nobre, como uma estratégia que visa mudanças comportamentais, políticas ou sistémicas, que devem representar um bem para a maioria, que agrega felicidade, protecção a um Povo ou à Humanidade.

"Novos tempos, novas atitudes" era o lema do candidato "vencedor". Quão irónico se tornou este lema. Quem venceu foi a mesmice que continua incapaz de ver que África está a viver UM NOVO TEMPO e que isso exige, de facto, ATITUDES INOVADORAS. A derrota dos movimentos de libertação em África assenta na incapacidade das suas governações, crescerem em si para a criação de sociedades coesas, prósperas, justas, dignas e felizes. Estes movimentos tornaram-se gastrocefalos. Pensam com o estômago. O poder pelo poder. A defesa do cargo tornou-se a sua única causa. Devido a esta visão egocêntrica, em 22 anos de paz não vimos nenhum plano eficaz. Nenhum problema básico resolvido. Não temos problemas novos decorrentes do desenvolvimento. Porque não houve qualquer desenvolvimento.

Cresci com a convicção de que as sociedades vivem de empréstimos. O que é considerado ético politicamente permitiu que hoje muitos países tenham conseguido patamares de estabilidade interna e a garantia de condições de vida digna para os seus cidadãos. Angola infelizmente não está incluída neste patamar, porque estabilidade interna não é sinónimo de ter o mesmo partido durante 50 anos a governar sem eficácia, sem empatia e sobretudo sem respeito pelo povo que jurou proteger.