Em 2017, a Presidência informou que tinha sido criado um mecanismo de mitigação da fome no Sul de Angola e, para o qual, foram alocados milhões de dólares para vários projectos de emergência, cujo objectivo era salvaguardar as vidas das pessoas e dos seus animais, protegendo-os de uma condição desumana e inaceitável. O povo do Sul está a morrer de fome, e não sabemos o que é que aconteceu ao plano, nem qual foi a avaliação do seu desempenho. Aliás, a avaliação dos programas em Angola é um mistério.
A Anemia Falciforme é um drama que afecta um em cada cinco cidadãos angolanos, e, a maioria das vezes, esse diagnóstico é feito de forma tardia. Nada justifica que Angola ainda não tenha um TESTE DO PEZINHO que despista várias doenças e permite que as famílias possam atender a diferentes problemas no momento do nascimento da criança, impedindo quer o sofrimento, quer a morte de tantos filhos. Nascer para brilhar implica, obrigatoriamente, conhecer à nascença todas as condições que colocam em perigo a vida da criança.
Há manifestações nacionais, verbais e físicas contra o elevado custo de vida, desemprego e as suas consequências, uma manifesta violência que impede a paz social e provoca sérios dramas à maioria das famílias angolanas. A resposta pública é insuficiente e num país onde nascem mais de um milhão de crianças (Taxa de Fecundidade é de 8.2 filhos por mulher) todos os anos fica claro que, com o actual ritmo, uma solução aritmética nunca resolverá problemas geométricos. Os direitos fundamentais devem ser dados à nascença.
Estamos a gastar milhões de dólares no combate ao Covid-19 e, ao mesmo tempo, temos a promoção, com a conivência militante, de doenças mortais como a malária, cólera, febre tifóide, hepatites, diarreicas agudas, entre outras, por causa da ineficácia e da incompetência do Governo Provincial de Luanda em lidar com a gestão do lixo, uma atitude que é inadmissível e que, depois de cinco meses, continua sem uma resposta célere e competente.
O índice de suicídios cresce de forma preocupante num aviso claro de que há uma depressão social que não pode ser negligenciada e que deveria sofrer uma competente avaliação.
O regresso do discurso do ódio e a manipulação da informação pelos órgãos públicos e privados recém-recebidos pelo Governo é deprimente, irracional e desacredita a midia que embarca neste comportamento e é um ultraje ao contribuinte, pois esses órgãos são financiados com o nosso dinheiro.
Não obstante os milhões que têm sido gastos, desde 2003, a "Água para Todos" ainda é uma miragem. E nos casos onde já está instalada, não é consequente porque tem imensas falhas. As escolas continuam sem água, e nem a pandemia foi suficiente para que se resolvesse este problema.
A educação continua a ser um parente desvalorizado e preterido pelo OGE, e continuamos, em pleno século XXI, com dois milhões de crianças fora do sistema de ensino primário e apenas 11% das crianças têm acesso ao ensino pré-escolar. Falar de desenvolvimento com este panorama é, no mínimo, hilariante.
A maioria dos hospitais públicos continua a não ter equipamentos e material hospitalar, e as pessoas continuam a morrer por negligência institucional e a ter de pagar a saúde que o Estado diz ser gratuita.
A presença de vários altos funcionários da hierarquia do Estado, que se mantêm em funções não obstante os seus nomes terem acendido várias luzes vermelhas por actos de conduta danosa, alguns deles provados, é, em rigor, um péssimo exemplo e devia merecer séria ponderação e todas as atitudes que a Lei e Moral exigem.
Tomámos conhecimento, pelo Novo Jornal, de que o CDC chinês, órgão regulador das vacinas, diz que a sua vacina é de baixa eficácia e estamos a dá-la nas províncias. Tal como o facto de vários países da europa terem suspendido a Astrazeneca a pessoas de idade inferior a 60 anos e em Angola parece que está tudo normal, dando a entender que os outros é que são inconsequentes, quando já estão a ponderar a possibilidade de nem dar a segunda dose da mesma vacina.
As prisões e mortes de todos os cidadãos que se querem manifestar de forma pacífica, que é um Direito das Democracias, estão a ser "entendidas" pelas autoridades como atentados à soberania nacional no limite do ridículo, como foi o caso dos 15+2.
São demasiados os alarmes sociais, e seria exaustivo enumerá-los todos os que se tornam públicos todos os dias e que têm sido sovieticamente ignorados pelo Governo. Uma governação que não avalia este tipo de alarmes e não emite opinião ou informação sobre os mesmos, ou sequer encontra soluções, é uma governação que está distante do povo e dos problemas que ele enfrenta. De recordar que o nosso maior drama é que há 45 anos que não temos problemas novos (à excepção do Covid-19). E isto é um sinónimo de que estamos a governar em círculo e sem evolução, pois, ano após ano, estamos a falar de problemas que, pelo volume do investimento, já deviam ter sido definitivamente resolvidos e não foram.
É preciso que se entenda que o papel dos governantes é SERVIR. Foi nessa condição que foram eleitos. E SERVIR significa trabalhar para o BEM-ESTAR e para a FELICIDADE colectiva, mas isso nunca aconteceu em Angola e continua a não acontecer. Uma governação que não assente na concertação e na auscultação dos interesses colectivos não nos traz nada de bom.
Por essas razões, é pertinente chamar atenção dos governantes sobre a precária condição de vida da maioria dos governados, uma vez que é expectável que o crescimento da falta de paz no prato e nos lares seja responsável por um aumento do clima de instabilidade social legítimo na defesa dos mínimos olímpicos da dignidade humana. Esperemos que, se as coisas correrem mal, não confundam as estações e se façam de vítimas porque aqui a única vítima é o povo desempregado, faminto, pobre, heróico, crente, generoso e farto.