Imaginem um país onde numa operação da brigada de trânsito para o condutor e o agente da polícia decide, com um simples olhar e com o nariz, que o condutor está embriagado. Cheira-lhe a álcool e na falta do bafómetro garante que o nível de álcool no sangue é superior ao permitido por lei. É a palavra do condutor contra a do agente.
Imaginem um país onde o professor dá a nota aos seus alunos sem devolver as provas indicando apenas que os alunos não estudaram de forma adequada. Uma prova oral ou uma propina de agilização resolve rapidamente este problema. É a palavra do aluno contra a do professor.
Imaginem um país onde para tratar de documentos pessoais ou das suas viaturas e cujos preços não são simpáticos é preciso madrugar e mendigar, havendo necessidades, muitas vezes, de voltar repetidamente para carimbar papéis ou ouvir a informação "não está pronto, volta para a semana". É palavra do cidadão contra a do guarda cuja autoridade permite angariar uns trocos.
Imaginem um país onde burlas financeiras acontecem diariamente e cujos infractores, detentores de um português sofrível, mas uma imaginação fértil, ludibriam cidadãos e saem incólumes com largas quantias de dinheiro depositadas em contas de bancos comerciais enquanto aqueles que vociferam uns impropérios são detidos em tempo recorde. É a palavra dos mais fracos contra a dos mais fortes.
Imaginem um país onde escolas primárias são construídas e reabilitadas e cujo acesso é gratuito mas os alunos não conseguem uma matrícula sem os seus pais terem de se envolver em esquemas de contribuição "voluntária" de valores para garantir a vaga. É a palavra do aluno contra a do pessoal administrativo das escolas.
Imaginem um país onde os assuntos são tabus até que fervilhem nas redes sociais obrigando a apresentação apressada de respostas quando informação proactiva e honesta permitiria clarificar o assunto à partida. É a palavra do funcionário contra a do chefe.
Imaginem que o país das situações anteriores não existe porque todos trabalham para o desenvolvimento desse país, de forma proactiva, socialmente justa. Começa uma nova etapa onde todos podemos fazer a diferença.