No reino dos combustíveis, onde o contrabando é descarado e antigo, as medidas de combate ainda não são visíveis. As notícias de apreensão de milhares de litros aqui e acolá são apenas, embora importantes, relatos superficiais de um problema profundo de organização (ou apenas desorganização) que não se resolve com acções cosméticas. Os ameaços de "name and shame" (denunciar e envergonhar) são populistas e pouco dignos se as provas não forem partilhadas e as condenações forem parciais.
Por outro lado, limitar o atendimento diário das pessoas que necessitam de combustível não vai resolver o problema, pelo contrário, vai criar mais um esquema, uma forma de uns ganharem mais umas "propinas de agilização". Esta medida para conter o voraz apetite do contrabando não vai limitar a quantidade de combustível a sair do País, para alimentar negócios de países vizinhos e enriquecer os contrabandistas. Os tanques modificados em navios-cisterna em miniatura, os camiões disfarçados, as canoas camufladas e outras formas de contrabando vão continuar a existir.
Qualquer pessoa que viaje para as zonas fronteiriças percebe que cada gota de combustível é disputada como ouro. Se for numa zona que não possui energia, então a disponibilidade de combustível é mais complicada. Os esquemas estão à vista de muitos, e só não vê quem não quer, quem beneficia do negócio.
Há que ter coragem e por ordem. Há um velho ditado segundo o qual "quando dois elefantes lutam, quem sofre é o capim". Que os elefantes tenham de lutar é um assunto de justiça e de economia, de procura e oferta. Agora não se pode transformar o povo e os consumidores em capim. Penalizar todos por um problema criado por alguns também é eticamente imoral e socialmente injusto.