É ponto assente que a alavanca do desenvolvimento é a aposta na educação do seu povo, para que esse possa concretizar os seus sonhos de viver num país melhor, ao invés de uma constante luta para sobreviver. No entanto, a educação não é apenas a construção de conhecimentos e habilidades que se espera de um sector de ensino adequado às necessidades de desenvolvimento do País e que não pode ser one size fits all.

É preciso investir na ética para evitar o chico-espertismo e a malandragem que impera um pouco por todo o lado e que impede que a honestidade e a meritocracia sejam valores de reconhecida importância. Talvez se devesse usar essa sabedoria como fonte de empreendedorismo. As últimas semanas têm sido repletas de notícias que apenas confirmam o desnorteio da sociedade.

A utilização de combustível para o fabrico da famosa "caipirinha do azar" levou à morte muitos angolanos sedentos de afogarem as suas mágoas e dificuldades numa bebida caseira demasiado barata. Eclipsaram-se vidas por causa de um combustível que não deveria ser de fácil acesso. A realização de um ritual apelando por uma trégua das chuvas em Luanda na renovada, mas já muito degradada, marginal ignorando o ditado "Em Abril, Chuvas Mil" e ainda os dados científicos do ciclo das chuvas em Luanda. Eclipsou o bom-senso e o resultado na altura foram horas seguidas de chuva torrencial.

Se num dos casos é evidente o conflito entre o empreendedorismo e o lucro rápido, no outro é o amadorismo não só de quem promoveu o ridículo ritual, mas também de quem fez a cobertura televisiva. Em ambos os casos, o acesso ao ensino de qualidade e o ensino de valores éticos poderia resultar num melhor investimento no desenvolvimento do País e no uso da ciência para informar a tomada de decisão.

A falta de educação e a desinformação permitem também que pessoas percam as suas vidas por conta de justiça feita pelos cidadãos que desconfiam do feitiço do vizinho. Sem um investimento adequado na educação, continuaremos a ver rituais vergonhosos que apenas colocam Angola no topo das estatísticas negativas.