Adalberto Costa Júnior, perante uma das maiores molduras humanas presentes num comício da UNITA em todas as eleições realizadas desde o fim da guerra, em 2002, voltou a sublinhar que está nesta corrida eleitoral para cumprir o trabalho iniciado pelos pais da Nação, Agostinho Neto, Holden Roberto e Jonas Savimbi.
O líder do partido do "Galo Negro" complementou que depois dos três lideres fundadores do MPLA, da FNLA e da UNITA, os três movimentos que lutaram pela independência, foram Savimbi e José Eduardo dos Santos que prosseguiram esse caminho de "realizar a Angola independente" sonhada em 1975, "mas também não o conseguiram".
"E com a transição de poder dentro do MPLA nestes últimos cinco anos - a chegada de João Lourenço ao poder - pouco ou nada acrescentou", atirou Adalberto Costa Júnior.
Num momento de oportunidade política, com a chegada ao recinto da FILDA, no Cazenga, em Luanda, de uma delegação de observadores eleitorais da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), Costa Júnior, claramente a sublinhar a importância da sua presença e da fiscalização do que resta do processo eleitoral das 5ªs eleições gerais em Angola, disse que estes são "muito bem-vindos".
Insistiu na presença dos observadores eleitorais, claramente a sublinhar a importância da vigilância do processo de contagem dos votos, dirigindo-se aos observadores da CPLP disse que a sua presença é uma demonstração de que acreditam na democracia, elogiou a presença, a liderar esta delegação, de José Carlos Fonseca, ex-Presidente de Cabo Verde, "país onde a alternância já ocorreu várias vezes e a sua democracia é robusta, é um bom exemplo para Angola".
Voltou a atacar o MPLA em diversas frentes, desde a questão do controlo da comunicação social estatal, embora tenha apontado melhorias com o decorrer da campanha quanto à cobertura das suas iniciativas de campanha, até ao desfalque dos bens do Estado pelo "partido único" que não fez em 47 anos o mínimo para "realizar Angola" e que não o vai "fazer agora com mais cinco anos".
"Queremos uma nova relação entre a sociedade e o estado, baseada no respeito, na cidadania que não temos hoje... e esta ampla frente nas listas da UNITA representa a realização de Angola, dos projectos da juventude, da mulher...", apontou.
Convicto de que os angolanos entenderam bem a sua mensagem, disse que no dia 24 confia que vai ter uma maioria de deputados na Assembleia Nacional para acabar com o partido único no poder".
"Todos sabemos que o partido único que lidera o País há 47 anos, há 20 anos em plena paz, que fez uma transição na sua liderança interna nos últimos cinco anos, não conseguiu fazer as reformas que todos esperam e olham com ansiedade as mudanças que infelizmente não ocorreram nestes anos", acusou.
"Temos uma absoluta necessidade de concretizar a Nação angolana e queremos tranquilizar os compatriotas do MPLA para não terem medo da alternância" porque "não há que ter medo da alternância".
"Não há democracia sem alternância, e a continuidade do partido único no poder corresponde ao adiamento de Angola", insistiu.
Costa Júnior reiterou que quer "fazer a governação do País com proximidade", lamentou o que encontrou ao longo dos 30 dias de estrada de campanha e pré-campanha eleitoral , onde verificou "as condições de vida das nossas pessoas".
"Ver aqueles meninos sujos, aquelas mamãs, muitas vezes atiradas para o consumo do álcool, uma realidade que magoa, que dói, mas permitiu aumentar a nossa sensibilidade", disse, acrescentando: "Temos todas as condições criadas para fazer história daqui a dois dias"
E prometeu: "O angolano dá uma maioria parlamentar à UNITA e a UNITA vai devolver direitos" porque "o partido único tem recusado as reformas que o Pais precisa, o que é visível é uma quase paralisação dos parques industriais", o País é "uma enorme mancha de pobreza".
Apontou para a "absoluta necessidade de dizer que o partido único no poder tem mantido reféns todas as instituições, que fez um assalto ao património deste País".
Disse que "a UNITA tem conseguido evitar todas as provocações e que o partido do "Galo Negro" se apresenta a estas eleições "com um alinhamento quase perfeito para fazer a mudança que o País precisa".
"Pela primeira vez a UNITA tem mais delegados de lista do que o nosso partido competidor. Muito mais. Isso nunca aconteceu antes", acrescentou.
Sobre o "votou, sentou", que a UNITA explica como o eleitor sentar-se a 500 metros das assembleias de voto, para defender "o se voto" de eventuais irregularidades, Costa Júnior disse, insistindo, que "não é ilegal", porque vem da "necessidade de todos votarem e de todos defenderem o seu voto", de "defenderem a realização do seu futuro".
Voltou ao tema dos "mortos nas listas" que recorreu a um acórdão do Tribunal Constitucional que lembrava que a presença de cidadãos falecidos nas listas pode alterar a verdade eleitoral, então "temos de nos precaver para que ninguém roube o nosso futuro", para que ninguém impeça Angola de ter "um novo contrato social".
Entre as promessas recorrentes dos seus comícios, Adalberto apostou na alteração constitucional para mudar a forma de eleição do Presidente da República, separando a eleição "atípica" do Chefe de Estado da eleição dos deputados, o que impede que o Parlamento fiscalize a acção governativa.
E voltou a fazer da realização das eleições lautárquicas um ano depois de tomar posse, caso vença as eleições desta quarta-feira, um tema forte do seu leque de promessas eleitorais, quer "acabar com a guerra em Cabinda", ou ainda, entre outras, fazer de Luanda "uma região administrariva especial" porque, com os seus "mais de sete milhões de pessoas" tem, por isso, problemas especiais.
E quer seguir as regras da SADC, atribuindo 20 por cento do OGE para a Saúde e 15% para a Educação, valores que estão muito longe de alcançar nos governos do MPLA, além da gratuitidade da Educação até à universidade.
Adalberto Costa Júnior assumiu igualmente o compromisso de promover a educação gratuita até à universidade e postos médicos juntos das comunidades e vias secundárias e terciárias para que os doentes possam chegar vivos aos hospitais.
"Em Angola o que mata mais é a malária", afirmou, ao que o povo retorquiu que o que mata mais é a fome.
O líder da UNITA não esqueceu o tema da criminalidade em Luanda, que tem origem, segundo ACJ, no desemprego e dependem também no investimento na educação.
O candidato da UNITA terminou o seu último comício, pedindo de novo uma maioria e prometendo prestar contas porque "o Estado somos nós todos".