Nesta primeira sessão, que decorreu à porta fechada, Rafael Marques foi ouvido na condição de arguido, sobre as motivações que o levaram a incluir o nome de alguns generais ligados ao poder na sua obra 'Diamantes de Sangue Tortura e Corrupção em Angola"' publicada em 2011.

David Mendes porta-voz da equipa dos advogados de defesa, disse ao Novo Jornal, que o seu cliente foi ouvido para explicar as razões da autoria do livro, a apresentação da queixa junto da Procuradoria-Geral da República de Angola e as afirmações que levaram com que formulasse o processo junto das autoridades judiciais do país David Mendes disse que Rafael Marques não cometeu nenhum crime ao fazer os relatos dos crimes que as empresas dos generais nas Lundas cometeram contra os cidadãos garimpeiros.

O advogado voltou a salientar que nesta sessão, a primeira depois do adiamento do passado dia 24 de Março, o ministro do Interior, Ângelo de Veiga Barros, e o chefe dos Serviços de Inteligência e Segurança do Estado, Eduardo Filomeno Barber Leiro Octávio, reconheceram a existência de violações de direitos humanos e de danos materiais na zona diamantífera do Cuango, na Lunda-Sul. No referido relatório, em posse dos advogados do réu, lê-se que "as forças armadas angolanas e a empresa de segurança Teleservice, nas suas acções contra os garimpeiros, causaram danos humanos e materiais" contra os garimpeiros.

A segunda sessão do julgamento prossegue nos próximos dias 21 e 22 de Maio durante a qual serão ouvidas todas as testemunhas, de defesa e de acusação. De recordar que o jornalista e activista Rafael Marques está a ser julgado por difamação, num processo-crime que envolve nove generais na condição de queixosos.

Figuram na queixa-crime contra o jornalista Rafael Marques, Hélder Manuel Vieira Dias Júnior Kopelipa, ministro de Estado e chefe da Casa MIlitar do Presidente da República; Carlos Alberto Hendrick Vaal da Silva, inspector- geral do Estado-Maior General das FAA; António dos Santos França 'Ndalu', deputado do MPLA e ex-chefe do Estado Maior-General das FAA; Armando da Cruz Neto, deputado do MPLA e ex-chefe do Estado Maior-General das FAA; Adriano Makevela Mackenzie, chefe da Direcção Principal de Preparação de Tropas e Ensino das FAA; João Baptista de Matos, ex-chefe do Estado Maior-General das FAA; Luís Pereira Faceira, ex-chefe do Estado-Maior do Exército das FAA; António Pereira Faceira, ex-chefe da Divisão de Comandos das FAA.