Quis o destino que a inauguração do parque fotovoltaico da comuna do Biópio, com uma capacidade instalada para 188 megawatts, na última quarta-feira, 20, ocorresse num cenário de total ausência de sol, a fonte de produção da energia, como que a evidenciar condicionantes na corrida à diversificação da matriz energética em Angola, que prevê 70 por cento de renováveis até 2025.
Não foi possível, pois, injectar já, logo após o toque inaugural do Presidente da República, João Lourenço, a energia solar no sistema eléctrico nacional, dominado pelas barragens de Capanda e Laúca.
Este facto não passou despercebido a técnicos consultados pelo Novo Jornal no Biópio, município da Catumbela, pouco antes do corte da fita num empreendimento que custou 256 milhões e 122 mil euros.
Um especialista da DAR Angola, empresa que fiscalizou as obras, avançou que só nos próximos dias, após trabalhos técnicos complementares, esta central fotovoltaica, tida como a mais potente de toda a África Subsaariana, chegará ao pico da capacidade de produção instalada.
"Por outras palavras, ainda que tivéssemos sol hoje... dificilmente isso aconteceria", resumiu a fonte, sustentando, todavia, que não há nada que possa colocar em causa um "grande projecto".
As explicações do técnico, movidas pela inauguração num contexto adverso ao funcionamento das fotovoltaicas (manhã cinzenta), trazem à liça a discussão, com eco no Novo Jornal, relativa aos prós e os contras tanto nas hídricas como nas solares, as duas principais fontes na luta pela energia amiga do ambiente, a energia não poluente.
O parque do Biópio tem 509,040 painéis solares, bem acima dos 261,360 existentes no da Baía Farta (mais de 80 quilómetros de distância), inaugurado quase três horas depois pelo PR, já com o sol a dar o ar da sua graça.
Ainda assim, não houve garantia de que os seus 96 megawatts tivessem chegado já à rede nacional. O parque da Baía Farta, orçado em 130 milhões e 696 mil euros, e o do Biópio podem garantir ao País 285 MW, uma «gota no oceano» se analisada a capacidade de produção de instalada no sistema nacional, na ordem de 6.100 megawatts.
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