Adalberto Costa Júnior foi recebido por João Lourenço, um encontro solicitado pela UNITA, que durou duas horas, tempo que "deu para perceber que houve uma abertura ao debate".
"Nós todos estamos esperançosos que não tenha sido um debate em vão, que este tempo de partilha possa ajudar-nos a melhorar as abordagens, porque não são as palavras, são os actos que fazem a diferença", disse à imprensa o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).
Para o líder a UNITA, só os actos é que vão "demonstrar se houve ou não condição de mudar", apontando a necessidade de os angolanos terem "um melhor Governo, de um Governo para todos".
Segundo Adalberto Costa Júnior, a audiência foi solicitada pela UNITA e foi "prontamente respondida", tendo em conta que o ambiente político que o país tem vivido "obriga a procura de espaços de diálogo, de desanuviamento das realidades, da busca de consensos ligados àquilo que hoje preocupa muito o país", nomeadamente as propostas de lei ligadas às questões eleitorais.
"A preocupação que é nossa e que é partilhada pela sociedade de falta de transparência eleitoral naquelas que são as propostas que o Conselho de Ministros enviou à Assembleia Nacional", referiu.
Um novo pacote legislativo eleitoral, com propostas de alterações de leis do Executivo angolano e também projetos de leis de iniciativa do grupo parlamentar da UNITA, está actualmente em apreciação na Assembleia Nacional, e tem suscitado algumas questões, como a escolha do Bilhete de Identidade como único documento para o dia da votação ou a eliminação das 'actas-síntese' nas assembleias de voto.
O líder da UNITA acredita, no entanto, que é possível, na Assembleia Nacional, "encontrar um consenso que traga a democracia, a pluralidade a transparência das propostas eleitorais".
"Nós abordamos com profundidade esta realidade, partilhamos a preocupação que existe em nós e, creio, na maior parte da sociedade, relativamente às propostas que, de algum modo, o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, no poder] levou à Assembleia e nós pensamos que Angola precisa de consensos democráticos", expressou.
De acordo com Adalberto Costa Júnior, a sua qualidade de presidente da UNITA e membro do Conselho da República, obrigou a partilhar "a absoluta necessidade" de se fazer um país "mais plural", de se voltar a fazer "um esforço colectivo, de colocar nos carris os aspectos ligados à pluralidade democrática".
"De nós construirmos um país que seja um país para todos e não vivermos um ambiente tenso, um ambiente que traga, nomeadamente a conflitualidade que é pública e que é acompanhada por todos", disse.
Segundo o líder da UNITA, decorreram quase três anos entre o encontro de hoje e o anterior, que aconteceu também por sua iniciativa quando o país acabava de sair das eleições (Agosto de 2022).
Mas "independentemente da diversidade política" e de ser oposição, o partido quer "uma Angola boa" para se viver, frisou Adalberto Costa Júnior.
"Uma Angola plural, uma Angola democrática, uma Angola sem fome, sem cólera, uma Angola de uma partilha melhor do que aquela que nós temos vivido e compete-nos a nós trabalharmos para esta Angola ser uma realidade", disse.
"Nós cumprimos uma obrigação que é nossa, a nós compete-nos fazer as pontes ao diálogo sempre que necessário e de facto nunca tivemos grandes dificuldades em fazer solicitação de audiências.", acrescentou.
O dirigente da UNITA manifestou-se esperançado que o encontro com o Presidente angolano "de partilha sincera", tenha permitido identificar "a absoluta necessidade" de se fazer melhor para o futuro de Angola.