Num comunicado em que o "Galo Negro" diz acompanhar "com bastante atenção e preocupação os últimos desenvolvimentos da vida política em Angola, caracterizada por práticas lesivas ao Estado Democrático e de Direito e à boa convivência", o secretariado executivo do comité permanente da comissão política do partido considera que "tais práticas, que incluem a violação de direitos dos cidadãos e dos partidos, bem como a utilização abusiva dos órgãos estatais de comunicação social, demonstram a sua congénita impreparação para uma disputa política leal, pois, só assim, se justificam os seus actos e pronunciamentos à moda dos regimes totalitários".

"A recente e superficial revisão constitucional e os acórdãos que inviabilizaram novos partidos políticos, vêm confirmar este retrocesso do Estado Democrático e de Direito, por vontade e capricho do partido governante", lê-se no comunicado.

Para a UNITA, considerando que a iniciativa de "congregar patriotas" numa "Frente Unida" é composta, entre outros, por um partido "cujo líder tem o seu lugar por um fio", com "um processo forjado pelo poder a correr no Tribunal Constitucional", fica provada "a grosseira interferência do partido no Governo nas decisões dos órgãos de justiça".

Este comunicado surge depois de, em Maio, o Tribunal Constitucional ter recebido uma impugnação de um alegado grupo de membros da UNITA, que contesta a actual liderança, indica supostas irregularidades registadas no congresso, designadamente que Adalberto Costa Júnior terá concorrido à liderança sem renunciar à nacionalidade portuguesa.

Nas redes sociais e em alguma imprensa, têm surgido notícias que dão conta que o Ministério Público deu entrada, no início de Agosto, junto do TC, de uma impugnação do congresso que elegeu Adalberto Costa Júnior. Neste comunicado, a UNITA volta a garantir que não há qualquer ilegalidade na sua eleição como presidente do partido.

"A eleição do Engenheiro Adalberto Costa Júnior ao cargo de Presidente do Partido obedeceu à Constituição, à Lei dos Partidos Políticos, aos Estatutos da UNITA e aos regulamentos do seu XIII Congresso Ordinário", lê-se na nota chegada à redacção do Novo Jornal, onde é acrescentado que "o documento de renúncia da nacionalidade adquirida do Eng. Adalberto Costa Júnior é datado de 11 de Outubro de 2019 e o apuramento de candidaturas teve lugar no dia 21 de Outubro de 2019, ou seja aquando do apuramento das candidaturas, Adalberto Costa Júnior era detentor de uma só nacionalidade, a angolana originária.