João Lourenço disse a Pedro Sánchez que Angola é um país com "imensas oportunidades e recursos de vária ordem" que estão disponíveis para os investidores espanhóis, a quem reconhece espírito empreendedor e engenho.

Esta abertura demonstrada pelo Chefe de Estado angolano resulta da constatação, explicou o próprio, de que "o Reino de Espanha e a República de Angola têm sabido conduzir o diálogo entre si, na base da convergência dos seus interesses e da complementaridade das capacidades de ambos, deixando de parte preconceitos e questões de natureza subjectiva, que poderiam ter afectado a regularidade com que as nossas relações se desenrolam".

João Lourenço definiu esta visita do presidente do Governo espanhol como uma "retoma" dos contactos entre os mais altos governantes dos dois países, "sempre úteis e necessários à abordagem regular das questões de interesse mútuo, que contribuam para a intensificação das nossas relações bilaterais" que pretende ver "ao mais alto nível" e projectadas para o futuro, "com a perspectiva de as revitalizar e de lhes conferir um maior dinamismo".

E aproveitou o ensejo para encorajar o investimento espanhol em Angola: "A República de Angola encoraja o investimento privado directo de empresas espanholas em todos os ramos da nossa economia, assim como a sua participação nas empreitadas de importantes projectos de investimento público, nos domínios das infra-estruturas, da construção civil, da energia, do ensino superior e da saúde, ao abrigo das linhas de crédito que gostaríamos ver renovadas e reforçadas".

"São muito positivas as referências sobre o desempenho das empresas espanholas envolvidas na execução de projectos (...) e merece especial destaque o trabalho realizado por um consórcio espanhol, que tem feito um trabalho notável no que se refere ao levantamento do potencial mineiro de Angola, pois tem vindo a fazer o mapeamento geológico de algumas zonas do território nacional, o que constituirá uma ferramenta fundamental para conseguir a atracção de investidores para esse sector", adiantou João Lourenço.

"Não posso deixar de referir a preocupação dos empresários espanhóis que fazem negócios em Angola com a questão da dívida, que é muitas vezes um factor inibidor para o incremento da sua actividade, bem como para a atracção de outros investidores que olham para o nosso país como um potencial destino dos seus investimentos", disse, acrescentando que, a este respeito, transmitiu "alguma tranquilidade" porque está a ser feito "um esforço para saldar todas as dívidas devidamente certificadas".

E lembrou a Sánchez que Angola realizou nos últimos tempos "importantes reformas económicas e alterou legislação diversa, no sentido de simplificar os procedimentos de investimento directo na economia nacional, de modo a tornar o mercado angolano mais atractivo".

E lembrou que os acordos e memorandos assinados no âmbito desta jornada de trabalho com Pedro Sánchez são "uma importante mensagem aos espanhóis e angolanos sobre o carácter sólido das relações" entre Luanda e Madrid.

Nesta intervenção, o Presidente da República deixou uma reflexão sobre o actual momento num mundo que esteve subjugado pela pandemia da Covid-19 mas que começa a ver a luz ao fundo do túnel e a partir de onde se abrem novas oportunidades, focando-se, todavia, nos múltiplos e complexos conflitos que o continente africano vive.

João Lourenço lembrou a Sánchez que se continua a "viver uma situação de insegurança e de conflito em diversas regiões do planeta, designadamente em África, na Ásia, na América Latina e no Médio Oriente, onde o mesmo espírito e a mesma capacidade de conjugação de esforços utilizados no combate à pandemia da COVID-19 poderiam ajudar a promover o diálogo, visando a solução pacífica desses diferendos, com base no estrito cumprimento das normas que regem as relações internacionais e da cabal observância das pertinentes Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas".

"Estamos preocupados com a intensificação dos conflitos na região do Sahel, em Moçambique, no Corno de África, na Nigéria e na República Centro Africana, impondo-se, por isso, a necessidade da Comunidade Internacional, em articulação com a União Africana, prestar não só uma maior atenção a estas situações, como também mobilizar meios que ajudem os povos e países alvos das acções referidas a fazer face às acções dos grupos rebeldes", sublinhou.