Esta mini-Cimeira, que decorre no Hotel Intercontinental, foi convocada por João Lourenço, enquanto lider da organização, e conta com a presença além do anfitrião, de cinco Presidentes dos 12 países que integram a organização: da República do Congo, Denis Sessou-Nguesso, da República Centro-Africana, Faustin-Archange Touadéra, do Chade, Idriss Déby, Abdel Fattah Abdelrahman Burhan, lider do Governo de transição do Sudão e do Ruanda, Paul Kagame.
A agenda foca-se na estabilidade política e militar na região dos Grandes Lagos,com destaque para a situação complexa na República-Centro Africana, como o Novo Jornal noticiou esta semana.
Os países que integram esta organização, criada em 2006, são Angola, Burundi, RCA, República do Congo, RD Congo, Quénia, Uganda, Ruanda, Sudão do Sul, Sudão, Tanzânia e Zâmbia e na sua génese está o reconhecimento de todos os membros, como consta da sua página oficial, de que a região é mercada por múltiplos conflitos e instabilidade e que a sua resolução só será possível se for feito um esforço conjunto e concertado de forma a garantir a paz e a estabilidade.
Com a região vincadamente problemática do leste da República Democrática do Congo, cujas fronteiras com os vizinhos Ruanda, Uganda e Burundi são das mais complexas e instáveis de todo o continente, com dezenas de grupos de guerrilhas e milícias activas que geram milhares de vítimas todos os anos, e a fervilhante situação pós-eleitoral na RCA, a análise a este quadro estará seguramente no centro da discussão entre os Chefes de Estado que vão estar com João Lourenço em Luanda no dia 29, sexta-feira.
A República Centro-Africana teve eleições gerais em Dezembro que conduziram a uma nova vaga de violência que resultou em milhares de vítimas entre deslocados, feridos e mortos.
A estabilidade nesta complexa região foi um dos objectivos expostos de forma clara pelo Chefe de Estado angolano quando, em Novembro de 2020 afirmou que os seus objectivos seriam marcados por um eficaz combate e erradicação dos grupos armados que geram há décadas instabilidade na região, como é disso particularmente exemplificativo o leste da RDC, onde há décadas grupos de guerrilha provocam terror entre as populações como ferramenta de exploração e controlo dos importantes recursos naturais ali existentes.
Esta manifestação de vontade da liderança angolana para o seu mandato, sublinhados pelo Presidente João Lourenço, foi deixada no discurso feito durante a cerimónia de passagem da chefia da organização da República do Congo-Brazzaville para Angola, onde acrescentou que tem ainda como objectivo "estreitar" a colaboração entre os 12 Estados-membros da CIRGL, criada em 2006.
"Durante o nosso mandato vamos trabalhar em conjunto para desenvolver uma cooperação estreita entre os Estados membros para erradicarmos os grupos armados, fazer respeitar os acordos de paz concluídos na região e trabalhar para o levantamento das sanções impostas contra o Burundi, do embargo de armas imposto à República Centro Africana, bem como o combate ao nosso inimigo comum, a Covid-19", disse na ocasião.
João Lourenço recebeu o testemunho das mãos de Denis Sassou N"guesso, o seu homólogo do do Congo-Brazzaville, depois de ter estado por detrás do memorando de entendimento de Luanda (2019) que juntou os Presidentes da RDC, do Ruanda, do Uganda e de Angola e cujo conteúdo contém um alargado conjunto de passos a dar para desanuviar tensões entre o Ruanda e o Uganda e, ao mesmo tempo, levar a um conjunto de acções que permitam combater as guerrilhas no leste da RDC, algumas delas com origem externa, Uganda e Ruanda, nomeadamente e que desde os anos de 1990, depois do genocídio do Ruanda de 1994, surgiram e se espalharam para este país, fixadas na exploração dos seus recurso naturais, dos diamantes ao coltão.
"Saúdo os passos positivos que se verificam na melhoria das relações entre o Uganda e o Ruanda, bem como os esforços que estão a ser feitos para a normalização das relações entre o Burundi e o Ruanda", disse, a propósito, o agora também presidente da CIRGL, lugar que o país ocupa pela segunda vez, depois de José Eduardo dos Santos ter assumido o cargo em 2014, embora o arranque desta organização tenha sido globalmente impulsionado por Luanda, em 2006.
Agora, com a pandemia da Covid-19 em pano de fundo, João Lourenço recordou aos seus pares, nessa Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CIRGL, que são inúmeros os desafios que têm pela frente e que seguramente serão agora revisitados nesta Cimeira de Luanda.
"A República de Angola acredita que a resposta colectiva a estes desafios consiste na tomada de acções concretas para materializar o tema escolhido para aquela Cimeira que foi `Favorecer a implementação do pacto sobre a segurança, a estabilidade e o desenvolvimento na Região dos Grandes Lagos, fortalecendo a cooperação económica regional e o desenvolvimento"" e que não deixará de estar em cima da mesa agora.