Num relatório assinado pela jornalista Luísa Rogério, o SJA aponta como falhas sérias no comportamento da comunicação social, sem referir nem órgãos nem se privados ou públicos, por não ter observador as regras mínimas do "contraditório e da igualdade de tratamento".

O tratamento desigual pela imprensa foi observado "antes e durante a campanha eleitoral".

O documento nota ainda que no processo de divulgação de resultados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) não respeitou a legislação e os candidatos e forças concorrentes não tiveram conhecimento do número real de eleitores devido ao elevado número de "cidadãos falecidos" nos ficheiros.

Nota, contudo, o documento assinado por Luísa Rogério que as eleições decorreram de forma livre e pacífica e onde os eleitores não foram alvo de quaisquer constrangimentos no momento de votar, isto nas quatro províncias onde a missão de observação eleitoral do SJA se deslocou, Luanda, Bengo, Lunda Norte e Namibe.

Deixou como recomendações que a comunicação social "garanta os princípios do contraditório e de igualdade de tratamento durante a campanha e em programas da sua iniciativa", deixe de haver entraves ao trabalho dos profissionais dos media, como o facto de vários jornalistas não terem sido acreditados para cobertura eleitoral porque a CNE concentrou o processo de acreditação em Luanda.

Face a estas observações, o SJA diz ser urgente a "transferência de competências de regulação para uma Entidade Reguladora da Comunicação Social que seja de facto independente e capaz de fiscalizar a actuação dos órgãos de comunicação social em épocas eleitorais e não só".

E, entre outras recomendações, os jornalistas angolanos propõem a "reformulação da composição e o funcionamento da CNE", conforme proposta da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Os resultados finais definitivos confirmaram a vitória do MPLA com maioria absoluta nas eleições gerais de 24 de Agosto, assegurando a João Lourenço um segundo mandato na Presidência da República de Angola.

O MPLA obteve 51,17 por cento e 124 deputados e a UNITA 43,96 por cento e 90 deputados.

Entre os partidos mais pequenos, foi o PRS quem chegou mais forte, em 3º, com 1,14%, seguindo-se a FNLA, com 1,06%, a seguir o PHA, com 1,02%. Todos estes partidos com dois deputados eleitos garantidos.

A CASA-CE com 0,76%, a APN com 0,48% e o P-NJANGO com 0,42% dos votos não conseguiram qualquer assento parlamentar.

Dos mais de 14 milhões de eleitores inscritos, votaram 6.454.109, o que corresponde a 44,82%, e não votaram mais de sete milhões, correspondendo a 55,18% de abstenção.

O líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, já anunciou que não reconhece estes resultados e deverá agora seguir-se um período de fonte contestação nos tribunais enquanto João Lourenço anunciou que a "vitória inequívoca" a 24 de Agosto lhe vai permitir governar "com toda a tranquilidade".