"É possível", afirmou Isabel dos Santos, em resposta a uma pergunta do jornalista da RTP que se deslocou a Londres para entrevistá-la.
A empresária admitiu a possibilidade de concorrer ao lugar que durante 38 anos foi ocupado pelo seu pai depois de dizer que fará tudo o que tiver de fazer para "defender e prestar os serviços" ao seu País, declarando que está a ser alvo de perseguição judicial em Angola para ser neutralizada politicamente.
E, num tom consistente com aquele que tem usado nas múltiplas entrevistas que deu nos media nacionais e internacionais, bem como nas declarações feitas a partir das redes sociais, Isabel dos Santos afirmou que se em Angola se quiser lutar contra a corrupção "devemos olhar para onde ela está".
A empresária, e agora, uma das possíveis candidatas à Presidência da República em 2022, quando o actual Presidente João Lourenço se candidatará a um segundo e último mandato permitido pela Constituição, afirma ainda nesta entrevista à RTP que não se pode usar a "suposta luta contra a corrupção de forma selectiva para neutralizar o que achamos que possam ser futuros adversários políticos".
Isto, porque, como já dissera também em entrevistas recentes, Isabel dos Santos vê-se como uma vítima de "perseguição política" que entende partir de uma estratégia gizada no seio da liderança do MPLA e conduzida pela justiça angolana porque o que João Lourenço pretende com a sua luta contra a corrupção, avançou, é atingir pessoas que lhe possam fazer frente no no campo político e "representem alguma influência ou alguma popularidade dentro do próprio MPLA", como entende, como se subentende a partir desta afirmação, ser o seu caso.
"Tenho um grande sentido de dever em relação a Angola e farei tudo para defender e prestar os serviços à minha terra e ao meu país", afirmou como antecâmara para aquela que seria a frase mais explosiva da sua última entrevista, aquela onde diz que "é possível" vir a ser candidata à Presidência da República em Angola, país onde defende que o seu paí, que governou o país durante 38 anos, deixou um enorme legado político que "muitos angolanos gostariam de ver respeitado".
Nesta entrevista à portuguesa RTP, a mais conhecida empresária angolana diz ainda que a "perseguição" que lhe está a ser feita é uma consequência da sua passagem pela administração da Sonangol, onde, lembra, procurou alterar procedimentos que eram "opacos".
O Tribunal Provincial de Luanda decretou, no final de Dezembro, o arresto preventivo de contas bancárias pessoais da empresária Isabel dos Santos, do marido, Sindika Dokolo, e do presidente do Banco de Fomento de Angola (BFA), Mário Leite da Silva, para além de congelar as contas de várias empresas nas quais detêm participações, nomeadamente nos bancos BIC e BFA, e nas empresas UNITEL, ZAP, FINSTAR, Cimangola, CONDIS, Continente Angola e SODIBA.
Isabel dos santos tem negado as acusações, dizendo não compreender "nem se conformar com este enquadramento num Estado de Direito democrático como é Angola" e afirmando que pretende "opor-se a cada uma destas alegações em sede e tempo próprio nos termos estabelecidos na lei angolana".