Este pedido surge depois de o Ministério da Saúde vir a público assumir que há um surto de cólera na capital do país, referindo que houve cinco mortes em 25 casos suspeitos no bairro Paraíso, município de Cacuaco, província de Luanda.
"O saneamento básico tem a ver com a organização e entrega dos responsáveis. Os bairros estão totalmente desorganizados, lixo por toda parte, e, quando chove a situação agrava-se", disse ao Novo Jornal o membro da Comissão Política Permanente da UNITA, Ernesto Mulato.
"A questão do saneamento básico passa pela ampliação e difusão, bem como pela maior democratização dos serviços públicos", acrescentou.
Na sua opinião, as autarquias seriam um bom ponto de partida, porque cada autarca quer mostrar sua organização administrativa em prol da sua comunidade.
"Numa capital como Luanda, nunca me deparei com equipas de saúde pública a andarem pelos bairros, inspeccionando ou educando as comunidades", referiu, lamentando que "assim vai Angola que completa em Novembro meio século de independência".
"É urgente a intensificação das campanhas de sensibilização junto da população para a mudança de comportamentos ligados à higiene pessoal e colectiva, ao tratamento da água para consumo e dos alimentos. Este trabalho deve envolver igrejas, associações, parceiros sociais e demais entidades", salientou.
Este responsável da UNITA teme que a situação piore de forma considerável em Luanda, devido a uma combinação de factores como superlotação da cidade, falta de saneamento básico e estação chuvosa.
"Nos mercados de Luanda a actividade de comércio nem sempre é desenvolvida nas melhores condições higiénico-sanitárias. O Governo da província de Luanda deve criar um grupo de trabalho multissetorial para proceder ao levantamento da situação e tomar medidas correctivas para evitar que os mercados sejam um possível foco desta e de outras doenças", aconselhou.
O MINSA veio a público alertar para a existência de um suro de cólera no dia 7 deste mês, limitando, para já, os casos ao bairro Paraíso, em Cacuaco. No maiis reeceente boletim sanitário, o ministério revela que o número de casos subiu para 58, dos quais um já foi laboratorialmente confirmado. Os pacientes têm entre os 6 e 65 anos, .
Do total de casos registados, 36 são do sexo masculino e 22 do sexo feminino, segundo o MINSA, que informa que há 18 pacientes internados no Hospital Municipal do Cacuaco, sendo dez na Pediatria e oito no serviço de Medicina, seis doentes estão internados no Hospital Provincial do Quifangondo e um na Maternidade Lucrécia Paim;
Em comunicado, o MINSA diz que já estão em curso medidas de desinfecção de áreas contaminadas, identificação e rastreamento de contactos, bem como de investigação epidemiológica e laboratorial profundas.
O Ministério da Saúde recomenda à população que adopte medidas de prevenção que minimizem o risco de transmissão da doença, nomeadamente lavar frequentemente as mãos e manter a higiene pessoal de toda a família; tratar a água para beber, colocando sempre cinco gotas de lixívia por cada litro de água, e depois esperar 30 minutos antes de a beber.
Ferver a água de beber durante 20 minutos, lavar bem as frutas e os legumes com água fervida ou água tratada com lixívia; cozinhar bem os alimentos e guardá-los bem tapados.
As medidas incluem igualmente não defecar ao ar livre, usar sempre latrina ou casa de banho, manter a latrina ou a casa de banho sempre limpas e desinfectadas, manter a casa, o quintal e o bairro sempre limpos.
Em caso suspeita de cólera, antes de levar o doente para a Unidade Sanitária mais próxima, dê-lhe muitos líquidos ou o soro caseiro, preparando um litro de água fervida e colocando uma colher de sopa de açúcar e uma colherinha de chá de sal. Agite bem antes de dar a beber.
Por fim, o Ministério da Saúde solicita que, em caso de suspeita de cólera, os cidadãos se dirijam à unidade de saúde mais próxima da sua residência.