Francisco Queiroz falava hoje após um encontro com organizações da sociedade civil, e no qual estiveram ainda o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, e o comandante-geral da PN, Paulo de Almeida, onde foi abordado o episódio de violência ocorrida em Cafunfo, Lunda Norte, envolvendo elementos do auto-denominado Movimento Protectorado Lunda Tchokwe no âmbito dos Direitos Humanos.
Neste episódio de violência, que as autoridades reputaram de "rebelião armada" e o Movimento de "manifestação pacífica" fortemente reprimida pela polícia tendo resultado, seis mortos, segundo a PN, e 16, de acordo com fontes da organização da manifestação que pretendia reivindicar a autonomia regional das Lundas.
"O processo desse caso já está nas mãos da Procuradoria-Geral da República. Politicamente, no encontro, analisou-se a questão dessa organização que se chama Protectorado Lunda Tchokwe, que é uma organização que legalmente não existe, portanto, é uma organização que não tem legitimidade para dialogar", afirmou, sublinhando que, aparentemente, o desejo de muitas pessoas é que "existisse diálogo com essa organização".
"Hoje tivemos aqui a sociedade civil, porque são um interlocutor válido para dialogar. Para quem não tem legitimidade, é difícil encontrar um canal de diálogo", relata.
O responsável salientou, entretanto, que, politicamente quem quer tomar o poder tem que seguir as linhas correctas que estão na constituição.
Já Verónica Sapalo, directora da Organização Mulheres em Acção, em representação o Grupo de Monitoria dos Direitos Humanos em Angola, disse que a sociedade civil ouviu o Governo, mas deixaram claro que estão "à espera de uma investigação credível no sentido de se apurar os factos, no que diz respeito à verdade material e à verdade jurídica".
"Gostaríamos também que dentro desses factos, pudéssemos ouvir a outra parte, que são os promotores da causa, os lesados para então se apurar a veracidade dos factos", revelou.
Destacou que o Governo tem uma responsabilidade de Estado, mas a sociedade civil também tem argumentos a dizer.
"Os promotores da causa devem ser auscultados para sabermos o que realmente aconteceu para se puder fazer o juízo de valor", concluiu.