Este apelo para impedir a continuação de crimes como peculato e corrupção na estrutura do Estado, com recurso à metáfora do "caranguejo", que foi o nome de código da operação que conduziu à detenção do major Pedro Lussaty, e a apreensão de bens e dinheiro no valor de largos milhões de dólares que este tinha, foi feito hoje na tomada de posse do novo ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Francisco Pereira Furtado.

"Os últimos acontecimentos de Luanda demostram que é por aí, que é com dinheiros públicos que se está a engodar o `caranguejo", portanto, uma das missões do Executivo é travar quanto antes isto", disse.

"Há comportamentos e procedimentos da banca que não são normais, precisamos de mudar imediatamente. Vou esperar também uma acção mais forte, mais contundente, da parte do banco central", afirmou, declarando que esse aviso não é somente para punir ou castigar os bancos prevaricadores, "mas sobretudo para montar um mecanismo que garanta a prevenção do crime".

João Lourenço deixou estas palavras de advertência no âmbito da "Operação Caranguejo" que envolve oficiais das Forças Angolanas (FAA) suspeitos de crimes de peculatos, retenção de moeda e a associação criminosa aquando da apreensão de vários milhões de dólares, euros e kwanzas guardados em caixas e malas, viaturas e residências pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

João Lourenço pediu "muita coragem" e, "sobretudo, vontade de mudar radicalmente o estado das coisas", não apenas nas Forças Armadas Angolanas, mas em todos os órgãos de Defesa e Segurança, na Polícia Nacional e nos serviços (secretos)".

O Chefe de Estado recorreu a uma analogia que os militares entendem melhor que ninguém: "Como no quartel, na parada, quando se chama pelo soldado, o soldado responde presente, porque todos aqueles que recebem salários do Estado tem necessariamente de responder presente. Se não acontecer isso, devemos concluir que estamos diante de um efectivo fantasma", disse, salientando que uma das tarefas que aguardam Francisco Furtado será limpar todos os efectivos fantasmas que existirem nos órgãos de defesa e segurança.

A questão do controlo e gestão dos órgãos de Defesa e Segurança foram particularmente referidos pelo Presidente da República nesta breve intervenção deixando claramente sublinhado que uma boa parte do "alimento" que tem engordado o "caranguejo" tem sido tirado da gestão financeira deste sector do Estado.

Recorde-se que Francisco Furtado substitui no cargo o general Pedro Sebastião, exonerado de funções no âmbito da "Operação Caranguejo", que arrastou ainda dos cargos vários oficiais generais colocados no topo da hierarquia dos serviços da Presidência da República, como o Novo Jornal noticiou, aqui, aqui e aqui.

Nesta tomada de posse foi ainda empossado, entre outros, João Pereira Massano no cargo de Chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar, e ainda Augusto da Silva Cunha como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República de Angola na Federação da Rússia.