A instalação de uma segunda via entre a estação do Bungo (junto ao Porto de Luanda) e o Terminal Ferroviário do novo aeroporto, por uma empresa chinesa, vai permitir dar melhor resposta ao serviço suburbano de passageiros com a anulação de mais de 40 cruzamentos de comboios nas estações de via única.

Esta obra, de que se desconhece o montante envolvido, vai afectar as estações do Bungo, Musseques, Viana e Baia e, ainda, a ligação entre esta e o novo aeroporto de Luanda.

"Pipeline" multiusos paralelo à futura via dupla?

Entretanto, um "pipeline" multiusos, paralelo à via dupla dos CFL, que está a ser projectado, pode ser o futuro no transporte de gás e outros combustíveis para o abastecimento do novo aeroporto de Luanda e para o consumo e distribuição, através de vagões cisterna, para as províncias do Kwanza Norte, Malanje e Lunda Norte.

A rapidez, maior segurança e menor custo com que aqueles produtos passariam a ser distribuídos, a partir do entreposto criado pela nova infraestrutura aeroportuária, nomeadamente combustíveis, aos seus destinatários, serão as principais razões para a questão estar em estudo no Ministério dos Transportes.

O investimento feito pelo Estado nos CFL, cerca de 600 milhões de dólares, a preços de 2012/13, obriga, segundo fonte contactada pelo Online do Novo Jornal, a que se esgotem todas as possibilidades de rentabilização das capacidades provenientes da instalação da linha férrea.

O Novo Jornal Online sabe que os responsáveis dos CFL mantêm contactos com algumas empresas ligadas à distribuição de gás e outros combustíveis no sentido de viabilizarem o transporte desses produtos a partir do um Terminal Ferroviário junto ao Novo Aeroporto, local onde vai terminar o futuro "pipeline".

Morro do Binda estrangula linha férrea

Com quase 130 anos, os CFL, que fazem a ligação do centro de Luanda a Malanje, numa extensão de 428 quilómetros, estão longe de ter a eficácia exigida, muito por causa do constrangimento localizado no Morro da BInda.

Construído ainda no tempo colonial - o primeiro troço, 45 quilómetros entre Luanda (Cidade Alta) e a Funda, foi inaugurado a 31 de Outubro de 1888 -, os caminhos-de-Ferro de Luanda sofreu muito com a guerra civil e só a partir de 2011 foi reabilitado por empresas chinesas.

Hoje, a grande dificuldade para a rentabilização dos CFL, prende-se com as dificuldades para ultrapassar o Morro da Binda.

Sendo o transporte de mercadorias uma fonte essencial de receitas para os CFL, estes vêm-se limitados já que, por questões de segurança, não é possível deslocar nos vagões mais do que seis contentores de 40 pés.

A velocidade máxima recomendada para a passagem por aquele troço - trajecto desenhado ainda do tempo colonial - está a tornar insuportável o tempo necessário para a ligação de Luanda a Malanje, permitindo aos transportadores rodoviários competir, com vantagem, com os caminhos-de-ferro porque demoram metade das cerca de 12 horas que impõe a deslocação por comboio.

O governo chegou a mandar fazer um estudo, até agora sem seguimento, para a resolução do problema com a modernização do troço que atravessa o Morro da Binda, entre Itombe (Kwanza Norte) e Cacusso (Malanje), uma ligação de mais de 200 quilómetros, onde as composições chegam a ter de reduzir a velocidade comercial dos "necessários" 80 para 15 a 20 k/h.