Carlos Francisco, de 24 anos, conta que emitiu a segunda via do seu BI no mês de Janeiro e, até ao momento, ainda não o recebeu.“Pedi a segunda via no dia 27 de Janeiro e estou à espera há dois meses. Não nos dão informações do que realmente se passa”, explica o jovem, para quem, além das filas enormese da demora, “há várias demonstrações de falta de respeito por parte dos funcionários”.
Contrariamente ao habitual – receber o BI no mesmo dia –, o requisitante diz ter-lhe sido dado um prazo de quinze dias. “Achei muito estranho, já que há repartições onde as pessoas recebem o bilhete no mesmo dia“, explica, acrescentando que há quem diga que os bilhetes não são emitidos por falhas no sistema. Por não ter o documento há dois meses, Carlos Francisco está “há dois meses sem levantar o salário” e vê-se condicionado.
“Mesmo com o dinheiro que tenho no banco, peço emprestado a outras pessoas. É muito triste tudo isso! Neste momento todas as atenções estão viradas para o ministério da Saúde, mas os problemas estão em todos os ministérios”, lamenta o jovem.
Em situação semelhante encontra-se Pedro Jorge, que considera “humilhante” o tratamento dado aos cidadãos que procuram tratar ou renovar os bilhetes de identidade. “O problema não pode ser a falta de sistema, acho que é só uma desculpa, porque é desde Janeiro que não emitem bilhetes. Tenho documentos para tratar e não consigo porque estou sem o BI”.
Maria do Carmo Francisco, de 35 anos, residente na comuna do Tala-Hady, resolveu tratar um outro bilhete de identidade por o actual estar em mau estado de conservação, mas lamenta a demora: “Se soubesse que era assim, não tratava um novo. É muito tempo! Pensei que fosse uma coisa rápida e agora estou aqui sem saber o que fazer”.
Depois de muitas horas de espera, os cidadãos requisitantes abandonam o local. O Novo Jornal tentou ouvir a direcção da Repartição de Identificação do Distrito Urbano do Rangel para obter esclarecimentos sobre o assunto, mas sem sucesso.