O responsável confirmou os dados, quando balanceava, num debate radiofónico na emissora oficial local "o reordenamento do trânsito na cidade de Malanje", depois da primeira semana do incremento das restrições impostas pelo Governo Provincial ao acesso de motociclos ao casco urbano a partir do dia 9 de Maio.

O oficial comissário considerou de positivo os resultados da operação que está a retirar a iniciativa ilegal dos jovens "que indisciplinadamente utilizavam as vias de comunicação para a realização dos seus negócios indevidamente", num percurso em que a actividade de moto-táxi "deve ser autorizada e nós, nem o comércio, nem a Polícia Económica (Investigação e Inspecção das Actividades Económica) temos qualquer documento de pedido de autorização de serviços" do género. Todas as entradas que ligam os bairros periféricos às áreas asfaltadas do centro da cidade estão "barricadas" e com protecção policial, admitindo apenas a circulação de motociclos até 50 centímetros cúbicos matriculados, o respectivo condutor, licença de condução e capacete.

E "para os motociclos superiores a 50 centímetros cúbicos, o condutor poderá transportar apenas um passageiro no motociclo, com a respectiva matricula e deverá fazer-se acompanhar do livrete do motociclo, carta de condução, capacete para o motociclista e para o passageiro", lê-se no comunicado exarado por Norberto Fernandes dos Santos. Questionado sobre o assunto, Quiambi frisou que "nós não vamos parar agora (…), continuamos 24/24 horas".

O reflexo do desafogo no trânsito rodoviário no casco urbano de Malanje é visível no banco de urgência de cirurgia e ortopedia do Hospital Regional de Malanje (HRM), onde as estatísticas de sinistralidade ao nível do país apontavam que até às primeiras horas de sexta-feira, dia 15 "era o que menos casos de acidentes de viação registava", confirmou o responsável da unidade hospitalar de referência na região, Dr. Isaac Savumbe.

"Por volta das 21 horas do mesmo dia, depois dos policiais terminarem a permanência nas referidas barricadas confirmou o director-geral do HRM tivemos oito casos, dos quais três graves (um operado no sábado, 16, no bloco operatório) com múltiplas fracturas". Cento e sessenta casos de acidentes de viação com 51 internamentos configuravam a média mensal das ocorrências naquele apêndice do HRM, maioritariamente com fracturas nos membros inferiores e com perda da mobilidade, disse Isaac Savumbe.

O comandante da Polícia Nacional do município de Malanje, superintendente-chefe José Santana Garcia relatou que alguns pacientes que deram entrada na mesma noite no banco de urgência de cirurgia e ortopedia resultaram de três acidentes de viação.

O despiste uma viatura (às 19 horas) "e consequente atropelamento de um casal que usava o passeio defronte ao Centro Integrado de Apoio ao cidadão do qual resultou a morte de uma cidadã e ferimento em outro, um outro caso de acidente por atropelamento ocorreu fora do casco urbano na estrada da Guiné", confirmou. "Por despiste de um ciclomotor que rebocava uma cidadã, ao se aperceber da presença policial pôs-se em fuga, tendo despistado, e tendo feito cair a senhora que fracturou uma perna", concluiu. O segundo comandante provincial da PN para ordem pública, subcomissário Pedro Quiambi garantiu que normalmente os acidentes de viação são provocados por indivíduos desprovidos de condução defensiva, sem a devida precaução dos meios em uso, não medindo as responsabilidades e as consequências que daí advém.

O director provincial da Juventude e Desportos, Caetano Paulino da Rita Tinta, disse que o desordenamento do trânsito na capital chegou ao ponto de não permitir a distinção de "quem era o taxista e quem era o marginal", com utentes de motas a assaltarem pessoas. "Jovens a sair da escola pendurados em motas, batiam nas pessoas e roubavam os telefones. Era preciso pôr ordem", justificou Caetano Tinta. "Ninguém aqui está a tirar o pão aos jovens", garantiu, retorquindo que em nenhuma parte do mundo o estado dá emprego a todos.

Com a referida acção, o director convidou a população local, as igrejas, as escolas e os professores a contribuírem com iniciativas junto do executivo para a mobilização dos jovens com vista a um processo de organização da actividade de moto-táxi inter-agindo com os programas concebidos para a juventude.

A administradora municipal adjunta de Malanje para a área técnica, Ernestina Miguel, os directores provinciais dos Transportes, Correios e Tecnologias de Comunicação, Cardoso Bernardo Balanga, da Comunicação Social, Manuel de Carvalho da Costa, da Hotelaria e Turismo, José Domingos André, da Viação e Trânsito, Costka Agostinho participaram da mesa redonda.