Enquanto o GPL e a administração municipal da Samba não encontram um espaço alternativo para acomodar as vendedeiras, muitas preferem enfrentar as corridas dos agentes da polícia, vendendo o peixe ao longo da Estrada da Samba, sem quaisquer condições de higiene, mantendo o risco em tempos de cólera.
A falta de um novo espaço levou, centenas de vendedeiras e pescadores se voltassem a manifestar junto da administração municipal da Samba, depois de já o terem feito no dia 28, como noticiou o Novo Jornal.
Várias vendedeiras disseram ao Novo Jornal que precisam vender para poderem viver, mas lamentam que o GPL não indique um novo espaço depois de ter ordenado o encerramento do Mercado da Mabunda no âmbito do combate à epidemia de cólera.
"Queremos praça, queremos praça, estamos a morrer de fome, queremos praça...", foram as palavras de ordem das vendedeiras durante o protesto na administração da Samba.
Entretanto, engana-se quem pensa que o encerramento do mercado da Mabunda inibiu a comercialização de peixe naquela zona.
O Novo Jornal apurou, no local, que a comercialização de peixe continua a ser feita nas ruas adjacentes ao mercado encerrado e nos quintais das residências daquela zona.
Uma grande parte dos jovens que apoiam a descarga e o tratamento de peixe em terra, devido à falta ocupação, estão agora a procurar pelos clientes ao longo da Estrada da Samba e arredores, para venderem o peixe.
Essas vendas são feitas nos quintais das residências e em algumas ruas, apesar de volta e meia a polícia os perseguir.
Quem também lamenta a não indicação de um novo espaço são os pescadores que dizem ficar sem clientes devido ao encerramento do mercado.
Segundo estes armadores, apesar de cumprirem com as exigências das autoridades marítimas, a Polícia Nacional não os está a deixar efectuar a descarga na Mabunda.
"Não estamos a conseguir fazer o nosso trabalho. A polícia está a prender a nossa mercadoria, acusam.
Segundo estes armadores, nem mesmo na Ilha de Luanda há espaço para descarregarem o pescado por ser um mercado pequeno.
Quanto à situação da higiene na praia, dizem ser da responsabilidade das autoridades, visto que pagam uma taxa diária de 1000 kz, para o efeito, embora admitam não ser a Mabunda uma praia limpa.
"O lixo produzido aqui é depositado em contendores e na vala de drenagem que dá para o mar, mas quem tem meios para limpar é o governo e não os vendedores", disse o armador, Octavio Armando Félix, que falou em nome da maioria dos pescadores e das vendedeiras.
No local o Novo Jornal soube que a administração municipal da Samba está a avaliar, próximo ao mercado encerrado, um novo espaço para onde possivelmente irá transferir os vendedores.
A administradora Lóide Faria assegurou que o objectivo é criar condições mínimas adequadas, preservar a saúde pública e conter o avanço da cólera no município da Samba.
Importa lembrar que GPL decidiu encerrar temporariamente este mercado como medida emergencial de contenção e prevenção do surto da cólera, apesar de não dizer por quanto tempo o mercado estará encerrado.