A magistrada, citada pela Radio Nacional de Angola, a partir de Joanesburgo, na África do Sul, onde participa como convidada na Cimeira dos residentes dos Tribunais Constitucionais e Supremos dos países do G20, reconheceu que este atraso resulta, essencialmente, da reduzida utilização das tecnologias de informação e comunicação, bem como da não aplicação de ferramentas de inteligência artificial no sistema judicial angolano.

"A inteligência artificial e a digitalização são ferramentas que podem resumir longas peças processuais, organizar documentos e compilar dados em apenas minutos, deixando o juiz livre para efectivamente julgar", disse, frisando que a inovação, por sua vez, não se limita à tecnologia, ela inclui novas formas de interpretar a Lei, de proteger os vulneráveis, de tornar os sistemas judiciais mais acessíveis e humanos.

Segundo a presidente do Constitucional, a independência judicial continua a ser o pilar da democracia e exige coragem para enfrentar novas ameaças, desde a desinformação das redes sociais aos ataques cibernéticos internacionais.

Segundo Laurinda Cardoso, os tribunais "são guardiões constitucionais que se devem manter unidos pelo compromisso sagrado com a dignidade da pessoa humana, sem se esquecerem da inovação que não se limita apenas à tecnologia".

No que diz respeito à cooperação, Laurinda Cardoso referiu que "nunca foi tão urgente" uma resposta conjunta às questões relacionadas com as mudanças climáticas, pois não afectam não apenas um Estado, mas o Mundo inteiro".

"A justiça constitucional não conhece fronteiras", disse a presidente do Tribunal Constitucional, lembrando que a última sessão desta cimeira deixou patente que, "quando partilhamos jurisprudência, boas práticas e solidariedade, construímos pontes que fortalecem o Estado de Direito em todas as regiões".