O Novo Jornal Online constatou no local que os vendedores pretendem demonstrar de forma clara que não aceitam este aumento brutal das taxas, estando a analisar a possibilidade de organizarem uma manifestação junto da administração, embora muitos temam as eventuais represálias.

O mercado do Asa Branca deixou de ser gerido pela administração municipal para passar a ter gestão privada em Dezembro do ano passado, como sucedeu com a quase totalidade dos mercados depois de uma decisão tomada pelo Governo Provincial nesse sentido.

Para além do descontentamento provocado por este aumento de uma média de 500 a mil kwanzas por banca para dez mil, os vendedores queixam-se ainda da forma como estão a ser tratados pelos fiscais do mercado.

O Novo Jornal Online esteve no mercado e tentou ouvir a administração do Asa Branca mas tal revelou-se impossível, sucedendo o mesmo através de contactos telefónicos que estão a ser tentados desde sexta-feira.

Várias vendedoras explicaram que durante a gestão cessante (sob controlo da administração municipal) a mensalidade oscilava entre os 500 e os 1 000 Kz mês e desde que passou a gestão privada, este valor subiu para os 10 mil kwanzas, o que já levou, inclusive, à saída do mercado de algumas vendedoras por não poderem pagar esta verba.

Os vendedores acusam ainda os fiscais ao serviço da administração de maus tratos nas rondas que estes fazem para cobrar as taxas.

Juliana Panzo, vendedora há mais de trinta anos no Asa Branca, disse que os fiscais "não têm respeito por ninguém".

"Temos colegas que deixaram de vender por não terem dinheiro para pagar a renda mensal", adiantou.

Rosa Paulo, vendedora de peixe no Asa Branca, disse que todos foram surpreendidos por esta medida.

"Fomos apanhados de surpresa quando as taxas subiram sem aviso prévio. Tem dias que o negócio não anda, onde é que vou encontrar 10.000 Kz, para pagar todos os impostos todo o final de cada mês?", interroga-se.

"Precisamos da ajuda do Governo Provincial, muitas colegas são mães e pais de filhos e tiveram que deixar de vender por não terem como pagar essa quantia toda", aponta, acrescentando que durante a segunda quinzena de Janeiro enviaram uma carta ao governo da província a solicitar ajuda.

Augusto Ferreira, que vende calçado, disse ao Novo Jornal Online que está no mercado há 33 anos, dedicando toda a sua vida ao seu negócio.

"Não vamos admitir que este administrador estrague a vida de muitos chefes de família que por aqui se encontram", disse.