A informação foi avançada pelo secretário de Estado para a Saúde Pública, Carlos Alberto Pinto de Sousa, numa cerimónia que assinalou o Dia Mundial de Combate à Tuberculose.
Citado pela Lusa, Carlos Alberto Pinto de Sousa diz que a taxa de incidência de tuberculose em 2024 foi de 224,6 por 100.000 habitantes contra 190,4 por 100.000 habitantes em 2023, com um total de 89.862 casos notificados.
"Este elevado fardo de morbilidade tem consequências negativas para a saúde e para a economia das famílias, das comunidades, e afecta o desenvolvimento nacional, pelas consequências nefastas do absentismo escolar, absentismo laboral e da perda de produtividade", apontou Carlos Pinto de Sousa.
O secretário de Estado frisou que, globalmente, a incidência de tuberculose diminuiu cerca de 2% por ano e entre 2015 e 2020 a redução acumulada foi de 11%, mas, em 2021, pela primeira vez em mais de uma década, houve um aumento significativo no número de mortes por tuberculose a nível mundial.
Entre os factores que contribuíram para esta situação destacou o acesso ao diagnóstico e tratamento da tuberculose no contexto da pandemia da covid-19.
O Governo angolano pretende mobilizar e garantir "que os parceiros, o sector privado, as organizações da sociedade civil e mundo académico dediquem mais atenção ao reforço urgente do investimento na luta contra a tuberculose, e na investigação sobre esta doença, para acelerar os avanços tecnológicos e a adopção de inovações que permitirão pôr fim à tuberculose até 2030", referiu.
Também o coordenador em exercício do programa de controlo da tuberculose em Angola, Damião Victoriano, em declarações à Rádio Nacional de Angola, disse que "em 2023 foram notificados 68.268 casos de tuberculose, enquanto que em 2024 foram notificados 89.862 casos. Em relação às mortes, no primeiro semestre de 2023, foram registados 523 óbitos, e no primeiro semestre do ano seguinte, 616".
E Damião Victoriano alertou: "quanto mais casos de tuberculose o país regista maior é a probabilidade de se propagar a doença em massa, facto que se torna preocupante, devido à forma de transmissão da doença, através da tosse e espirros".
Damião Victoriano defende um investimento sustentável para combater a doença, afirmando que "o Orçamento Geral do Estado não cobre tudo".
"Não se pode controlar a tuberculose sem um investimento sustentável. O OGE cobre com as despesas de diagnóstico, tratamento e etc. Todavia, só com o OGE não vamos conseguir dar respostas", afirmou, acrescentando que é necessário o envolvimento de toda a sociedade.
"Se não houver um investimento de forma sustentável, a entrega de toda a sociedade civil e outros sectores não vamos conseguir controlar a tuberculose", sublinhou.
A tuberculose representa a terceira principal causa de morbilidade e mortalidade em Angola, depois da malária e dos acidentes rodoviários.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, Angola encontra-se entre os 20 países mais afectados pela tuberculose a nível mundial, com uma média anual de 65.000 novos casos de tuberculose nos últimos cinco anos.