O Tribunal da Relação de Lisboa deu razão ao recurso contra uma condenação por difamação qualificada apresentado por Maria Eugénia Neto, viúva do antigo presidente angolano, disse ontem à agência Lusa fonte daquele tribunal.
A queixa por difamação foi apresentada pela co-autora do livro Purga em Angola Dalila Mateus, depois de, numa entrevista ao Expresso, em 2008, já após o lançamento da obra, Maria Eugénia Neto a ter acusado de ser desonesta e mentirosa.
No livro, a historiadora, que cita vários testemunhos, sustenta que tudo leva a crer que 30 mil pessoas "foram sumariamente fuziladas" em Angola na sequência dos acontecimentos de 27 de maio de 1977 e da contestação ao poder na altura em que Agostinho Neto era presidente.
Depois de o Tribunal Criminal de Lisboa a ter condenado ao pagamento de 150 dias de multa e de uma indemnização de dois mil euros pelo crime de difamação agravada, a viúva de Agostinho Neto recorreu para o Tribunal da Relação, que agora lhe veio dar razão.
Contactada pela Lusa, Maria Eugénia Neto disse já ter sido notificada da decisão e considerou que foi feita justiça.
Embora a autora achasse que nós a difamámos, ela é que nos difamou. Um historiador tem de ouvir mais que uma parte, não pode só ouvir o inimigo, afirmou.
Para Maria Eugénia Neto, Dalila Mateus difamou um homem que foi uma das personagens mais importantes da luta pela libertação no século XX.
A viúva do primeiro presidente angolano desejou a Dalila Mateus boa sorte e que seja mais ponderada, como pessoa e como historiadora, no seu próximo livro.
Contactada pela Lusa, Dalila Mateus escusou-se a comentar a decisão do Tribunal da Relação, argumentando não ter sido ainda notificada.
O tribunal não me informou, o meu advogado não sabe de nada, afirmou, remetendo eventuais declarações para esta quinta-feira.
Lusa / NJ