Há nove anos, quando nasceram os gémeos Isabel e Lopes, Ngungo Samuel, o pai, mesmo sendo natural de M"banza Kongo, preferiu «jogar no seguro» e seguiu à risca o ritual recomendado pela sogra do Kwanza-Sul: colocar duas tigelas ao lado da cabeça dos filhos para que cada parente que fosse visitar a família depositasse nos referidos pratos uma oferta em dinheiro, cujos valores deveriam ser os mesmos para a menina e para o menino.

O objectivo, recorda Ngungo Samuel, era "impedir que fosse acontecer qualquer mal" aos gémeos. Contudo, parece que algo teria falhado naquele processo, uma vez que, pouco mais de duas semanas depois do nascimento do casal de gémeos, um deles, concretamente o do sexo masculino, adoeceu.

No princípio, explica o pai em declarações ao Novo Jornal, o menino passou a chorar muito e a contrair-se de forma violenta. Anos mais tarde, notando claras diferenças no desenvolvimento dos gémeos, a família consultou um médico, e esse, segundo Ngungo Samuel, sentenciou que o menino tinha sido vítima de uma "infecção cerebral".

Hoje, quase uma década depois, Isabel é uma menina saudável, que já frequenta a 3.ª classe, enquanto o seu parceiro Lopes padece de uma enfermidade que o impede de andar e de falar. Ngungo Samuel, o pai, explica que os seus antepassados sempre lhe disseram que os "gémeos eram sereias, que gostam de viver na água", daí, supostamente, um dos seus filhos "preferir viver a rastejar-se como quem brinca num rio".

Por isso, sabendo que os antepassados também o haviam prevenido que os "gémeos gostam de se reencarnar, nascendo novamente na família e assumindo sempre as mesmas características", Ngungo Samuel chegou, há anos, a ir a M"banza Kongo cumprir um ritual cujos meandros prefere não revelar, avançando apenas que se chama Nlambu, expressão de origem kikongo que quer dizer "cozinhar" em português.

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