O financiamento será atribuído às organizações Mines Advisory Group (MAG) e The HALO Trust para trabalhos de desminagem e acções de educação sobre os riscos de minas no sul de Angola.

Até à data, de acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, a HALO e a MAG limparam, juntas, mais de 230 milhões de metros quadrados de terreno em Angola.

O novo financiamento do Governo britânico vai beneficiar mais sete países, para além de Angola: Cambodja, Etiópia, Laos, Myanmar, Somália, Sudão do Sul e Zimbabué.

As duas organizações esperam limpar quase 17 milhões de metros quadrados de área nos países abrangidos, libertando terrenos para a agricultura, habitação e serviços sociais básicos, como escolas, hospitais, água e saneamento.

As minas terrestres são responsáveis pela morte e ferimento de milhares de pessoas anualmente.

De recordar que Angola deverá falhar por, pelo menos, três anos, o prazo para limpar todo o seu território de minas antipessoal, que estava previsto terminar a 31 de Dezembro de 2025, previa o relatório "Landmine Monitor 2023".

De acordo com o estudo anual da Campanha Internacional para Banir as Minas Terrestres, sedeada na cidade suíça, Angola limpou em 2022 um total de 5,87 quilómetros quadrados e destruiu 3.342 engenhos explosivos (contra 5,91 quilómetros quadrados limpos em 2021 e 3.617 minas destruídas), registos muito abaixo dos 17 quilómetros quadrados de libertação anual de terras prevista no seu plano de desminagem.

"A libertação anual de terras de Angola desde 2019 tem sido inferior à libertação anual de terras projectada de 17 quilómetros quadrados, detalhada no seu plano de trabalho para 2019-2025", apontava o relatório.

"Angola declarou que está a envidar todos os esforços para cumprir o seu prazo" actualmente estabelecido para a limpeza total do seu território, mas "acredita-se que conseguirá realisticamente concluir a desminagem dos campos de minas conhecidos até 2028, com a possibilidade de alargar o prazo até 2030, dependendo da disponibilidade de fundos", sublinhava o estudo, que dava conta do registo de 107 vítimas de incidentes com este tipo de explosivos em 2022 em Angola, mas não descriminava o número de mortos e feridos nem se se tratou de civis, militares ou pessoal pertencente a organizações especializadas em operações de desminagem.

Angola foi ainda o 13.º país que mais assistência financeira internacional recebeu em 2022, cerca de 12 milhões de dólares, e um total 54,9 milhões de dólares entre 2018 e 2022, montante que a coloca em 15.º lugar no ranking dos países mais apoiados.

Angola não forneceu qualquer informação sobre a sua contribuição nacional em 2022 para o seu programa de desminagem, embora apoie financeiramente a Agência Nacional de Acção contra Minas (ANAM).

O governo angolano é também o maior doador da Fundação HALO Trust, a operar no país na desminagem de áreas protegidas ao longo do delta do Okavango, na província do Kuando Kubango.