Aqui, as pessoas têm poucas opções para conseguir um sustento para si e para as famílias. As comunidades necessitam "urgentemente" de assistência alimentar e médica.
As doações são, muitas vezes, as únicas saídas para uma população que tem de superar inúmeros obstáculos para sobreviver.
Desde que deixaram as suas casas na cidade de Caxito, as famílias enfrentam a vida dura nestes acampamentos, expostos a condições precárias e à falta de recursos básicos.
O intenso frio, a fome, e os mosquitos são os principais adversários dos habitantes locais a viver em casas de chapa que não oferecem condições de habitabilidade.
"Fomos evacuados do Caxito devido às inundações. Aqui, onde estamos instalados, não há condições. Muito frio, muita fome e mosquitos. As crianças correm o risco de contrair várias doenças", observa o funcionário público Ramos Pedro, sublinhando que as inundações criam ambientes propícios à propagação de diversas doenças.
"As águas contaminadas estão a disseminar agentes patogénicos, aumentando a incidência de problemas de saúde entre as populações afectadas", acrescentou.
No Sassa-Pedreira e no bairro 25 de Dezembro já estiveram presentes delegações do MPLA, UNITA (...) e sociedade civil, para doar bens diversos, mas a fome severa é um desafio e a sua escala é verdadeiramente gigantesca.
"As doações são bem-vindas, mas as condições de alojamento são péssimas. Precisamos de intervenção urgente das autoridades", disse ao Novo Jornal o ancião Samuel Pedro.
As últimas doações foram feitas pelo Conselho Nacional da Juventude e pela Igreja do Reino de Deus em Angola (IRDA).
"Sentimos o amor de Deus que usou a Igreja do Reino de Deus em Angola para trazer aqui 18 toneladas de produtos diversos", destaca o ancião.
Na opinião do ancião, a doação da igreja foi "muito significativa", porque conseguiu superar vários problemas.
"Das ajudas de que temos vindo a beneficiar, uma família recebe um copo de óleo alimentar para uma semana. Mas esta última ajuda da igreja ajudou para recebermos um litro de óleo e quantidades consideráveis de arroz, fuba de milho e massa", acrescentou.
As famílias que viram as suas casas inundadas e os seus bens arrasados na cidade de Caxito estão sem serviços como posto médico, escolas e água potável nestes acampamentos.
"Muitas crianças, desde que saímos do Caxito, deixaram de estudar, porque do acampamento para a cidade são 10 quilómetros. Por isso, como sabemos que não vamos sair agora aqui, queremos uma escola e um posto médico", solicitou o funcionário público António Quaresmas.
O administrador municipal do Dande, Domingos João Lourenço, disse ao Novo Jornal que o Governo está a tomar medidas para se evitar situações piores na cidade de Caxito, onde centenas de casas foram inundadas resultando em vários prejuízos.
"O transbordamento do rio Dande, causado pelas chuvas, deixou famílias em situação de emergência e colocou em risco infraestruturas em Caxito. Lançámos um apelo urgente a pedir apoios e isso tem acontecido", reconheceu o administrador municipal.
"Com o realojamento provisório das vítimas, a nossa atenção está virada para a assistência dessas famílias", referiu.
"A situação estava crítica e exigiu uma resposta coordenada e urgente que tem superado os desafios que a população da cidade de Caxito enfrenta neste momento", acrescentou, frisando que as medidas estão a ser tomadas para se evitar futuras consequências.
Para o administrador, o fenómeno que se viveu em função das quedas pluviométricas, exigiu a tomada de medidas urgentes e implementação de um plano de requisição civil envolvendo não só o Executivo, mas, também outras áreas com disponibilidade e capacidade para acudir às situações.
Refira-se que Dande é um município da província do Bengo, com sede na cidade de Caxito.
É limitado a norte pelos municípios de Ambriz e Nambuangongo, a leste pelos municípios dos Dembos e de Pango Aluquém, a sul pelos municípios de Cambambe e Ícolo e Bengo e a oeste pelo município de Cacuaco e pelo Oceano Atlântico.
O município é constituído pela comuna-sede, correspondente à cidade de Caxito, e pelas comunas de Barra do Dande, Mabubas , Quicabo e Úcua.