A posição foi assumida pelo chefe do Estado-Maior das FAA, general Geraldo Sachipengo Nunda, ao falar, na sexta-feira, dos 25 anos sobre a constituição formal das atuais forças armadas, data que se assinala no Domingo.
"Nenhuma organização internacional daria o estatuto de aeroporto internacional, requerido, se continuasse a haver aquela confusão", disse o general Nunda, afirmando que nos últimos anos os populares foram invadindo às áreas adjacentes ao aeroporto, "construindo casas e demolindo vedações".
De acordo com a associação não-governamental local SOS Habitat, estas demolições aconteceram sobretudo entre Julho e Agosto, no município de Viana, arredores de Luanda, e já desalojaram 2.500 famílias.
Durante um protesto a 05 de agosto contra as demolições, realizadas pela Zona Económica Especial Luanda-Bengo e com a protecção das FAA, um rapaz de 14 anos foi alvejado mortalmente pelos militares, quando contestava a destruição da casa dos pais, criando uma onda de indignação na sociedade angolana.
Segundo o general Geraldo Sachipengo Nunda, foi a administração da Zona Económica Especial que "solicitou" o apoio das FAA na demolição das casas, realizadas por aquela entidade e não pelos militares.
Num extenso pronunciamento sobre o caso, o chefe do Estado-Maior das FAA confirmou ter autorizado a operação de "protecção" às demolições e que durante as mesmas alguns populares chegaram a "ameaçar" os militares e a tentar queimar as máquinas.
Num dos casos, disse, um militar teve "a vida dele em risco", quando "a turma de indivíduos quis ir contra eles".
"Eles tiveram que se defender e na defesa morreu essa criança", admitiu, dizendo que o caso está agora nas mãos da Justiça.
O último levantamento da SOS Habitat fala em mais de 1.000 casas demolidas naquela desde 30 de Julho.
O novo aeroporto internacional de Luanda está em construção no município de Icolo e Bengo, a 30 quilómetros de Luanda e, contando com os acessos rodoferroviários, vai custar cerca de seis mil milhões de dólares, em empreitadas levadas a cabo essencialmente por empresas chinesas.
O novo aeroporto é descrito como um "projecto estruturante fundamental para a concretização da estratégia do Governo angolano, no que concerne ao posicionamento do país no domínio do transporte aéreo na região da África austral".
Duas das pistas foram concluídas em 2015, assim como a torre de controlo, decorrendo a construção dos terminais, que segundo o Governo angolano deverão receber 15 milhões de passageiros por ano.
O projecto é financiado por fundos chineses englobados na linha de crédito aberta por Pequim para permitir a reconstrução de Angola, depois de terminado um período de três décadas de guerra civil.