Os supostos falsos militares do ex-comando "tigres" dizem-se vítimas de um processo "muito estranho" e acusam a alta estrutura das FAA de fingir não ver o assunto e asseguram que nunca foram falsos militares do exército.
As partes foram ouvidas e o tribunal reconhece que houve "violações gravíssimas" no processo, mas a decisão final do julgamento poderá ser conhecida esta semana, no dia 03, data em que o tribunal agendou como sendo o dia para as alegações finais e a leitura do acórdão.
O tenente-coronel Leonel de Almeida, instrutor do processo junto da Procuradoria-Militar, não conseguiu provar ao tribunal, deixado muitas incertezas, quando interrogado, que os supostos falsos militares foram detidos no km 38 e que a Polícia Militar desmantelou e destruiu um campo militar do ex-comando "Tigres" em Viana.
Este magistrado do Ministério Público junto da Procuradoria-Militar equivocou-se várias vezes no seu interrogatório, tendo assegurado não haver registo fotográfico do desmantelamento do campo.
Nos seus interrogatórios, os supostos falsos militares dizem que não havia campo de concentração militar nem infra-estruturas militares e que o espaço era um terreno normal de um dos colegas onde se reuniam para tratar do processo de enquadramento dos ex-comandos "tigres" nas FAA.
Contam os arguidos que no dia da detenção, em Novembro de 2020, após serem contactados para o efeito, estiveram todos formados em parada no Campo Militar do Grafanil, local onde se realiza o cadastramento dos efectivos das FAA, quando o tenente-coronel Leonel de Almeida ordenou que se seleccionassem 30 oficias do grupo para entrarem num autocarro de 30 lugares.
Os arguidos contam que o tenente-coronel Leonel de Almeida os informou que estavam a caminho de uma unidade hoteleira com o intuito de que participariam nas celebrações do 11 de Novembro quando foram desviados para a Polícia Judiciaria (PJ) onde acabaram por ser detidos sem conhecerem o motivo da detenção.
Ao tribunal, contaram também que de fora ficou muita gente, entre, tenentes, sargentos, soldados e que só não foram com eles porque já não havia espaço no autocarro e que estranhamente essas pessoas não foram detidas.
Contam ainda que, durante o tempo que ficaram detidos na PJ, nunca lhes foi dito quais os crimes que cometeram e que durante esse tempo foram muito maltratados na prisão.
No tribunal, os arguidos questionam como são agora considerados falsos militares se estiveram muito tempo incorporados nas FAA, onde travaram diversas batalhas e há testemunhas vivas que podem certificar, mas que, estranhamente não aparecem.
O interrogatório aos 30 arguidos, assim como dos declarantes, terminou na semana passada com o tribunal a reconhecer que houve muitas violações no processo.
Entretanto, passados dois anos, soube o Novo Jornal, os arguidos desse processo continuam em prisão preventiva na cadeia militar do Tombo, na zona dos Ramiros, em Luanda.
O magistrado do Ministério Público junto da Procuradoria-Militar, tenente-coronel Leonel de Almeida, instrutor do processo, justificou que ao tribunal, de forma não convincente, de que os arguidos estão na cadeia militar por questão da Covi-19, visto que há excesso nas comarcas.
A juíza principal da causa, Josina Falcão agendou para o próximo dia 3 de Fevereiro as alegações finais e a possível leitura do acórdão.