Ao tribunal, o comandante relevou que havia também nomes nas folhas de salário de funcionários públicos do Kuando Kubango, militantes do partido MPLA e centenas de familiares de militares ligados à brigada de desminagem.
Manuel Correia disse também que as malas de dinheiro que sobravam, do pagamento em mão dos militares e funcionários da brigada de desminagem, regressava a Luanda e eram entregues aos generais e outros militares a mando superior.
Aos juízes, o coronel e ex-comandante da Casa de Segurança do Presidente da República no Kuando Kubango, disse que recebeu ordens do general Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa", então ministro de Estado e chefe da Casa Militar do PR, através do major Pedro Lussaty, que lhe entregou a lista de pessoas que não faziam parte do batalhão de transporte rodoviário da Casa de Segurança no Kuando Kubango, mas que passariam a receber salários todos os meses.
"Eu vi e porque conheço a assinatura do general "Kopelipa", não tinha como negar, por isso obedeci às ordens", contou o coronel ao tribunal.
Perguntado se na sua unidade tinha muitos militares já falecidos, o comandante respondeu positivamente e assegurou que não eram de facto dadas baixas nas folhas de salários.
"Havia mais de 200 falecidos na unidade mas os salários continuavam a ser pagos", disse o responsável.
Questionado porque é que o dinheiro voltava a Luanda em malas e não via banco, o coronel respondeu que os generais lhe diziam que era segredo do Estado.
Aos juízes Manuel Correia contou que fez entrega pessoalmente de malas de dinheiro, várias vezes, aos generais Eusébio de Brito Teixeira e António Mateus Júnior de Carvalho "Dylangue".
"Eu entregava o dinheiro em mão e às veze em frente às bombas de combustíveis, em restaurantes e nas suas residências", contou.
Recorde-se que o Ministério Público (MP) assegura e acusa os arguidos de criarem batalhões fantasmas e refere que estes batalhões no Kuando Kubango eram o 6.º e o 8.º.