Os advogados entendem que o tribunal não deve mandar nas escolhas dos advogados junto dos arguidos por não ser da sua competência e suspeitam que há uma intenção do tribunal em condenar os arguidos sem respeitar a Lei.

No dia 29 de Julho, após um mês de suspensão, o tribunal voltou novamente a suspender a sessão por 15 dias porque os advogados não permitiram que o julgamento retomasse sem antes o juiz presidente da sessão fundamentar as razões da prorrogação por mais quatro meses a prisão preventiva do major Pedro Lussaty e dos outros arguidos.

Os advogados decidiram abandonar a sala de julgamento por entenderem haver já uma prévia condenação dos arguidos no processo e pelo facto de o tribunal "não querer cumprir a Lei".

Segundo os defensores dos arguidos, o facto de não se ter feito um recuso ao Tribunal Constitucional (TC), apelando para a restituição da liberdade dos arguidos em prisão preventiva, o despacho do juiz que prorroga a prisão para mais quatro meses foi ilegal.

No entanto, uma fonte do tribunal confidenciou ao Novo Jornal que o juiz presidente pediu a substituição dos advogados no processo, mas os arguidos mostraram resistência.

"O meritíssimo solicitou à Ordem dos Advogados a substituição dos causídicos no processo e que se nomeiem defensores oficiosos, porque os advogados, ao invés de ajudarem o andamento do processo, boicotam a sessão", confidenciou a fonte.

Entretanto, o advogado Picasso da Costa Andrade, um dos mais de 30 advogados no processo, entende que o facto de terem abandonado a sala de julgamento em nada belisca a imagem dos arguidos.

"Apenas queríamos que o juiz fundamentasse o despacho exarado, tendo em conta o facto de ser o momento concreto para se aferir essas questões, se tem ou não um requerimento a solicitar alguma inconstitucionalidade, ou então se há questão prejudicial ao processo", esclareceu.

No entanto, após a retirada da sala dos advogados, o juiz presidente, Andrade da Silva, salientou que iria apresentar uma queixa à Ordem dos Advogados de Angola a reportar o comportamento dos causídicos, que, no seu entender, "só prejudicam o andamento do processo".

No dia 15, soube o Novo Jornal, esse assunto será novamente trazido a discussão pelo tribunal e pelos advogados.

O Novo Jornal tentou esta manhã, sem sucesso, ouvir explicações da Ordem dos Advogados de Angola.

Os arguidos são acusados de crimes de peculato, associação criminosa, recebimento indevido de vantagens, participação económica em negócios e abuso de poder e também de fraude no transporte ou transferência de moeda para o exterior do País, comércio ilegal de moeda, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e de falsa identidade.