Ao tribunal, o general Kopelipa, um dos dirigentes mais influentes junto de José Eduardo dos Santos, que esteve à frente da Casa de Segurança do Presidente da República por 22 anos, disse que nunca foi informado de quaisquer actos ilícitos ou crimes financeiros na Casa de Segurança.
O antigo braço direito de José Eduardo dos Santos assegurou que todas as actividades da Casa de Segurança do PR eram legais e supervisionadas.
"Nunca tomei conhecimento, enquanto exerci as minhas funções, que na Casa de Segurança do PR haviam desaparecido verbas! Até onde sei nunca houve desaparecimento de dinheiro", afirmou o general.
Manuel Hélder Vieira Dias Júnior disse por outro lado que nunca houve enquadramento de pessoal civil na Casa de Segurança que ele tivesse autorizado.
Questionado sobre como era feita a fiscalização do dinheiro, respondeu ser da responsabilidade do secretário-geral da Casa de Segurança e que ele nada tinha a ver com as finanças.
Perguntado se assinava as ordens de saque, respondeu que sim. E que depois delegou para que outros generais também o fizessem.
Sobre a existência de trabalhadores "fantasma" disse nunca ter tido conhecimento nem ser informado pelos seus adjuntos e subordinados.
Perguntado se a Casa de Segurança pagava salários a activistas do partido MPLA, como assegurou um dos arguidos em tribunal, o antigo responsável da segurança do Presidente José Eduardo dos Santos disse nunca ter existido tal prática.
"Nunca houve pagamentos de salários ou financiamento a nenhum partido político. É falsa essa afirmação", disse o general, já reformado.
Questionado se conhece o arguido Pedro Lussaty, respondeu que sim, tendo assegurado que o conheceu enquanto capitão na secretaria geral da Casa de Segurança.
Indagado se o major "milionário" era responsável das finanças da secretaria geral, respondeu que não.
Perguntado se a Casa de Segurança do Presidente da República pagava os seus funcionários em dólares ou euros, disse ser apenas em kwanzas.
Quanto à acusação feita pelo coronel Jacinto Hengombe, antigo assistente da secretaria geral da Casa de Segurança, arguido no processo, de que a Casa de Segurança do PR financiou as campanhas eleitorais do MPLA nas eleições gerais de 2008, 2012 e 2017, Manuel Hélder Vieira Dias Júnior "Kopelipa" disse não ser verdade e exigiu provas ao coronel.
Interrogado se a Casa de Segurança do PR usou os seus fundos operativos para pagar salários aos efectivos, o general de quatro estrelas negou categoricamente.
Ao tribunal o general Kopelipa negou ter entregue um despacho ao major Pedro Lussaty, como afirmou ter visto o coronel Manuel Correia, antigo comandante da UGP no Kuando Kabango, onde o general ordenava a inserção de pessoal na brigada de desminagem.
O general lamentou o facto do coronel Manuel Correia nunca ter reportado qualquer irregularidade da brigada de desminagem à Casa da Casa de Segurança.
Quanto aos milhões encontrados em malas no apartamento do major Pedro Lussaty, o ex-ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do PR disse, tal como também já tinha afirmado em tribunal o tenente-general Simão Ernesto, seu secretário-geral, que aquele dinheiro pertence a Pedro Lussaty e que nunca saiu da Casa de Segurança.
"A justiça deve investigar de onde saiu o dinheiro do Lussaty. Não foi da Casa de Segurança de certeza absoluta", afirmou o general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior.
Em reacção, o advogado do major "milionário" Francisco Muteka, disse aos jornalistas que agora esta mais que claro que Pedro Lussaty não cometeu qualquer crime na Casa de Segurança do PR como afirma a acusação do Ministério Público e que no final o tribunal terá que absolvê-lo.