"O relatório Groundswell Africa, que se foca na África Ocidental e nos países da região oriental que partilham o Lago Vitória (Uganda, Quénia e Tanzânia), indica que o continente vai ser o mais duramente atingido pelas alterações climáticas, "com os países a passarem por aumentos de temperatura, chuvas erráticas, inundações e erosão costeira".

"Os africanos vão enfrentar desafios sem precedentes nos próximos anos", alerta o relatório que aponta várias linhas de acção política necessárias para amenizar os efeitos das alterações climáticas.

"Os impactos das alterações climáticas, como escassez de água, colheitas e produtividade menores nos ecossistemas, aumento do nível do mar e tempestades vão cada vez mais forçar as pessoas a migrarem, já que alguns sítios serão menos propícios por causa do calor, eventos extremos e perda física de terrenos", lê-se no documento citado pelas agências.

Os peritos do Banco Mundial recomendam, por exemplo, que seja definido um objectivo zero para as emissões de carbono, planeamento a longo prazo com preocupações ambientais, investimentos na recolha de dados para melhores decisões políticas e investimentos em capital humano que se foque em empregos sustentáveis e produtivos.

O relatório "Groundswell Africa" foi apresentado nas vésperas da reunião de Glasgow e alguns dias depois de o Banco Mundial ter apresentado o `Pulsar de África`, considerado o mais importante documento sobre as economias africanas, lançado no âmbito dos Encontros Anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial.

"Os países abundantes em recursos não renováveis precisam de gerir a transição para um mundo descarbonizado, já que a procura global por matérias-primas de energia não renováveis vai fazer descer o preço dessas matérias-primas", escrevem os peritos do Banco Mundial, indicando os casos da Nigéria e de Angola, os dois maiores produtores de petróleo na África subsaariana.

"O afastamento do petróleo, gás e carvão coloca riscos para o valor da riqueza de países que são abundantes nestas energias, como Nigéria e Angola, mas também para países com descobertas recentes de petróleo e gás, como Moçambique, Quénia e Senegal", indica o relatório Pulsar de África, citado pelas agências.

Os peritos defendem que as políticas nestes países "devem ser desenhadas de forma a fomentar a diversificação através do apoio à acumulação de capital humano e capital natural renovável, diminuindo o défice de infraestruturas".

Também uma gestão prudente das receitas, que podem ajudar a financiar esses investimentos, é defendida pelos peritos que elaboraram o relatório.

"Implementar uma política fiscal coerente que inclua incentivos fiscais direccionados, reduzir os subsídios aos combustíveis fósseis e alguma forma de fixação do preço do carbono são decisões críticas para fomentar o investimento privado e a inovação em energia limpa e outras actividades verdes", defende o Banco Mundial.

A 26.ª cimeira da ONU sobre alterações climáticas (COP26), reúne, a partir do próximo domingo, 31, milhares de especialistas, activistas e decisores políticos em Glasgow.

Na agenda desta reunião: Travar o aquecimento do planeta.