Com os últimos números do continente a apontar para 151.386 mortes e 5.926.224 casos de contágio desde o início da pandemia, também da directora para África da Organização Mundial de Saúde (OMS), Matshidiso Moeti, chega um sinal de alerta: "Os próximos dois meses vão ser muito difíceis para o continente por causa da transmissão da variante Delta", avisando que "há, pelo menos, 16 países africanos com ressurgimento do vírus, sendo que dez têm já a presença da variante Delta".

Em declarações ao jornal francês Le Monde, John Nkengasong afirmou que "durante 18 meses, África mostrou a sua capacidade de repelir a epidemia. Mas por causa da falta de acesso às vacinas, acabou".

"Não somos mais uma excepção. O número de casos está aumentando, há mortes por toda parte", expôs.

Esta variante, bem como a falta de vacinas nos países africanos, agravaram o cenário. Até agora, o continente, que tinha sido poupado do pior da pandemia por causa da população jovem, menos afectada pela doença, e pelas rápidas respostas de medidas de saúde pública em muitos dos países, enfrenta uma mudança de cenário.

Também de Tom Kenyon, do projecto Hope, chegam palavras preocupantes: "Deviam estar a soar todos os alarmes", uma vez que estes números mostram que, em África, o número de novos casos vai em breve ultrapassar os da Ásia.

"Dado os horrores que ainda há pouco vimos na Índia, isso devia ser motivo para alarme e para que haja alguma acção", afirmou, em declarações à estação de televisão norte-americana CNBC.

O Malawi, o Senegal, o Uganda, o Ruanda, a Tunísia, bem como as vizinhas República Democrática do Congo, Namíbia e Zâmbia, estão a registar subidas drásticas de infecções, com o número de hospitalizações a subir em mais de 40% no continente nas últimas semanas.

A África Austral continua a ser a região mais afectada, com 2.798.961 casos, 76.307 óbitos e 2.419.037 recuperados. Nesta região, encontra-se o país mais atingido pela pandemia no continente, a África do Sul, que contabiliza 2.195.599 casos e 64.289 mortes.

E é da África do Sul, que vive agora o tempo frio, que chega o clamor de um médico de um hospital em Joanesburgo que contou, sob anonimato, ao canal de notícias norte-americano CNN, que o país vive uma situação desesperante e que há doentes a morrer enquanto estão à espera para ser observados".

"Somos treinados para salvar vidas, mas aqui voltamos à mentalidade de guerra, de perdermos a sensibilidade. Todos os recursos estão esgotados pela enchente de doentes."

Em Angola, o quadro epidemiológico aponta para 39.958 casos, dos quais 34.327 recuperados, 4.696 activos, entre os quais 10 críticos e 15 graves. O País regista também um total de 935 óbitos.